PREFEITURA ESPERA “PUNIÇÃO EXEMPLAR” AOS RESPONSÁVEIS PELO DESMATAMENTO

A prefeitura de Ibiúna já tomou todas as providências oficiando a todas as autoridades dos órgãos responsáveis para adotar as medidas cabíveis em relação aos responsáveis pelo desmatamento de 131.675 mil m2 de mata nativa, na altura do km 67 da Rodovia Bunjiro Nakao, lado direito, sentido São Paulo em novembro passado. Esse fato é considerado o maior crime ambiental da história do município, incluindo a morte de muitos animais que tinham ali seu habitat natural.

“Muitas vidas se perderam ali, boa parte da floresta acabou se perdendo. Agora é preciso que os culpados de alguma forma recebam punições exemplares, que a investigação seja exemplar, que a sociedade fique ciente de que isso não pode ser feito dessa forma” – disse hoje (9) o secretário municipal do Meio Ambiente, engenheiro ambiental Fernando Salles Rosa, em entrevista à vitrine online.

“Nós estamos à disposição dos representantes de todos os órgãos vinculados ao assunto, como Ministério Público, Delegacia de Polícia, Polícia Militar Ambiental, para auxiliar no que for necessário para contribuir com as providências que o caso requer”, acrescentou o secretário.

Fernando informou ainda que “na sexta-feira (3) recebemos uma ligação de um munícipe nos informando que havia um perito criminal na área devastada. Fomos até lá, o convidamos para vir até a prefeitura e fornecemos a ele um vídeo contendo documentos e fotografias como complemento dos seus levantamentos. Ele se mostrou surpreso com as dimensões do estrago feito ali”.

A pasta contendo o processo do caso [a relativa ao governo anterior teria sido extraviada] está ficando cada vez mais encorpada. Pelo número da matrícula 292 descobriu-se que a área pertencera à Granja Saito, classificada como Gleba C. Um novo e surpreendente documento foi trazido pelo representante da empresa BLMI Empreendimentos Imobiliários [ainda não havia sido citada], Luiz Henrique Domingues Vieira, para comprovar a venda daquela área para a Speed Imóveis Ltda. A BLMI tem endereço na Estrada do Jaguaré, 365, loja 112, no Jardim Jussara, em São Paulo. Junto com uma carta dirigida à prefeitura há uma certidão de compra e venda, mas sem validade por falta de qualquer espécie de autenticação.

A Secretaria do Meio Ambiente do atual governo também procurou levantar informações sobre a empresa FAL Pavimentação e Terraplenagem Ltda, executora do cercamento da área, com o objetivo de descobrir o tipo do empreendimento previsto para aquele local. Concluiu que poderiam ser edificações mistas: escritórios e indústrias.

No governo anterior houve quem cogitasse que ali seria implantado um distrito industrial.

O Ministério Público de Ibiúna abriu inquérito civil nº 1055/2013, no dia 9 de dezembro, e já está tomando as providências em sua esfera de competência.

 Loteamentos clandestinos 

Ainda que o grande desmatamento esteja sendo tratado como assunto prioritário pela Secretaria do Meio Ambiente de Ibiúna, Fernando Salles Rosa chama a atenção para um grave e crônico problema de loteamentos clandestinos. São mais de duzentos no município.

A ação de indivíduos que cometem o crime de estelionato, vendendo até mesmo terras griladas, também tem contribuído enormemente para a perda da mata nativa no município, com consideráveis perdas de áreas que antes eram verdes. A lógica é simples: a primeira ação é desmatar, depois vender a terra por um preço inferior para pessoas de baixa renda que logo querem se instalar, ocupando assim o solo numa propriedade que de fato e de direito não lhes pertence.

“Os impactos ambientais nesses casos são imediatos”, assinala o secretário. “Por isso mesmo, o prefeito Eduardo Anselmo está orientando para que se combata esse tipo de crime logo no início para que ele seja coibido antes que o mal seja feito.”

Nesse sentido, dois desses loteamentos acabam de ser embargados [eles terão faixas afixadas no local para avisar os incautos] e uma máquina para derrubada de mata foi apreendida no Recanto das Orquídeas no dia 27 de dezembro.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.