DIA DA MULHER – PROGRESSO DO FEMINISMO TENDE A MELHORAR A CONDIÇÃO HUMANA
Os estudiosos da questão feminina concordam que nos últimos cinquenta anos houve um notável progresso, mas afiançam que “a tarefa do feminismo, apenas começou”. As mulheres são provedoras dos cuidados fundamentais, são os alvos frequentes de abusos domésticos e, em muitos países, “são oprimidas em nome da religião”. Em relação a este último aspecto, chegam a ter seus clitóris mutilados.
Em seu livro Sujeição das Mulheres, John Stuart Mil reflete que a subordinação das mulheres (aos homens) “está errada em si mesma” e que “deveria ser substituída por um princípio de igualdade perfeita”.
Mill é um liberal que se expõe de modo coerente, na condição de pioneiro feminista. Segundo ele, as sociedades modernas são governadas pelo princípio de que os indivíduos “são livres para empregar suas faculdades, e as possibilidades favoráveis que se oferecem para realizar o destino que lhes possa parecer o mais desejável”. Nesse raciocínio, inclui a mulher como detentora dos mesmos direitos que os homens.
Mill não via diferenças entre homens e mulheres que pudessem “justificar a subordinação da mulher”. O pensador inglês é também categórico ao afirmar que a condição de sujeição da mulher “é um dos principais estorvos à melhoria (da condição) humana”.
A filósofa norte-americana Mary Wollstonecraft, pioneira na defesa dos direitos da mulher, lança uma denúncia flamejante: “As mulheres são sistematicamente aviltadas com o recebimento de atenções triviais que os homens acreditam másculas para recompensar pelo sexo, quando, na verdade, os homens estão de forma insultuosa apoiando sua própria superioridade”. Wollstonecraft é considerada como a primeira feminista.
Talvez a mais relevante pensadora feminista do século XX, a francesa Simone de Bevoir, autora do livro O Segundo Sexo, observou que a mulher “é definida e diferenciada com referência ao homem e não em sua referência; ela é incidental, o não-essencial, o contrário do essencial. Ele é o sujeito, ele é o absoluto, ela é o outro”.
Bevoir, refletindo o estereótipo cultural que sustenta a condição da mulher, argumenta que “nenhuma pessoa nasce, mas, ao contrário, torna-se mulher”. Assim sendo, para conquistar a liberdade, as mulheres precisam repelir conceitos como a feminilidade, “que confinam suas vidas à repetição enfadonha de um trabalho penoso”.
Protagonista de um segundo momento do feminismo, a norte-americana Kate Millett, aponta o governo patriarcal, a instituição por meio da qual as mulheres são dominadas pelos homens, é como uma característica de todas as sociedades. Millett projeta uma referência audaciosa para a reflexão das mulheres desta época dita pós-modernidade: “Por mais taciturna que sua presente aparência possa ser, a dominação sexual adquire, porém , talvez como a ideologia mais difundida de nossa cultura, o seu mais fundamental conceito de poder”. (C.R.)