A MAIOR FESTA RELIGIOSA DE IBIÚNA É MARCADA POR HISTÓRIAS DE FÉ, AMOR E GRATIDÃO

A maior e mais tradicional festa religiosa de Ibiúna em louvor a São Sebastião, protetor da cidade, que este ano chega à sua 95ª edição, é rica de histórias singulares, marcadas por sentimentos de fé, amor e gratidão. A que se segue é uma delas, escrita pelo próprio protagonista que nascia há exatos trinta e seis anos na Avenida São Sebastião, nas mãos de uma parteira, em meio aos ruidosos estrondos dos fogos, pois coincidia com o momento em que o santo passava diante do quarto em que ele vinha à luz.

“Meu nome é Vanderley dos Santos, sou mais conhecido como Vando. Nasci em 1978 na Avenida São Sebastião em uma terça-feira, às oito horas da manha, nas mãos de uma parteira. Enquanto ela fazia o parto, só ouviam barulho de fogos e o santo passando pela avenida na volta paro o Sertão, onde tem sua histórica capela. Quando criança sempre acompanhava a chegada do santo na avenida. Aos seis anos tive meu primeiro contato com cavalo, mas meus pais nunca deixavam eu ir para o Sertão. Havia muitos boatos que lá era muito perigoso, ocorriam muitas brigas e mortes, mas eram só boatos porque na romaria nunca aconteciam esses tipos de coisas. Lembro quando veio a famosa dupla de cantores sertanejos Tonico e Tinoco cantar no Sertão. Foi em 1990 e eu tinha apenas doze anos. Chorei muito, mas mesmo assim meus pais não me deixaram eu ir. Mas, quando completei dezesseis anos aí, sim, fiz minha primeira romaria.  Quando criança, sempre acompanhava a chegada do santo e via que na cavalaria de honra havia cavaleiros romanos. Aí, com o tempo, foi acabando essa tradição e, por isso, fiz promessa de me vestir de cavaleiro romano durante três anos. Em 2011 e 2012 fui sozinho e no último ano, 2013, consegui mais dois companheiros. Cumpri minha promessa e agora, em 2014, vão sair cinco cavaleiros vestidos de romano. Por isso, estou muito feliz por traçar este resgate e fazer parte da festa. Agora volto a participar com a camisa da comissão, da qual sou integrante há quinze anos, que organiza a saída e a chegada da romaria. Este ano faz vinte que cumpro todo o trajeto da romaria, sem falhar nenhum, e já faço planos para o centenário da maior romaria de cavaleiros da região.”

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.