HOJE É DIA DA ÁRVORE, MAS PODE CHAMAR DE DIA DA VIDA; AMANHÃ É DO RIO TIETÊ E 3ªFEIRA COMEÇA A PRIMAVERA

Hoje (21) é Dia da Árvore e é bom que passemos a considerá-la, antes que de mais nada, como um ser vivo – que é – sem o qual os humanos se asfixiariam todos, já que ela promove a fotossíntese, retendo o gás carbônico e liberando o oxigênio, que é nosso alimento mais importante, sem o qual morremos em poucos minutos. O Dia da Árvore é celebrado com a chegada da Primavera, que começa na terça-feira (23). Nesta segunda-feira (22) é o Dia do Rio Tietê, que nasce a 1.027 metros de altitude no município de Salesópolis, na Serra do Mar, e vai desaguar no rio Paraná, no Mato Grosso do Sul, depois de percorrer 1.136 km, atravessando todo o Estado de São Paulo.

Se neste dia nossa consciência despertar para o fato de as árvores serem seres vivos e essenciais à vida, já fazemos um progresso, passando a respeitá-las. A Primavera é a estação em que a natureza parece recuperar a vida que estava adormecida [no Inverno]. E a expressão mais exuberante desse fato é o maravilhoso colorido produzido pela explosão das flores.

Rio Tietê

O rioTietê, que na língua tupi significa ‘rio verdadeiro’, é o maior rio paulista, além de ter uma rara característica: é o único que, em vez de correr em direção ao mar como os outros, segue em direção ao interior. Essa peculiaridade foi fundamental no processo de colonização do Brasil, já que permitia a navegação e a mobilidade dos bandeirantes na desbravação da terra descoberta.

Em sua nascente, uma reserva controlada pelo Departamento de Águas e Energia Eletrica – DAEE, a água doTitê é cristalina. Há ali torneiras para os turistas experimentarem sua água pura. Mas na medida em que vai em direção à “civilização” começa a morrer. Na região metropolitana de São Paulo, o Tietê se transformou num esgoto a céu aberto, infelizmente, e as pessoas mais novas nem se darão conta de que ali as águas eram limpas, serviam de competição de barcos e de natação e a pesca era abundante.

É visualmente fácil verificar o processo de degradação das águas. Nas instalações próximas à sua nascente há uma exposição de garrafas transparentes contendo as águas coletadas em vários municípios. A água, com sua característica incolor, vai ficando turva e atinge sua turbidez máxima nas cidades metropolitanas e na Capital e volta a ficar limpa centenas de quilômetros depois. Na cidade de Anhembi, próximo à represa de Barra Bonita, já está limpa e sua vida permite que muitas famílias vivam da pesca nesse trecho.

O grande desafio é despoluir a bacia do rio Tietê. Em 1992, a Sabesp recebeu um abaixo-assinado com 1,2 milhões de assinaturas reivindicando a despoluição do rio, o que resultou na elaboração do Projeto Tietê. O primeiro objetivo é “ampliar o confinamento, a capacidade de coleta, interceptação e tratamento de esgoto em toda a Região Metropolitana de São Paulo”. Isso já vem ocorrendo e continuará em andamento.

Há muitas causas para um rio magnífico como o Tietê morrer. Uma delas é o chamado “progresso inconseqüente” que, aliás, aconteceu também com rios europeus, que exigiram investimentos vultosos e continuados para serem recuperados. Outra, a incompetência e o descaso de sucessivos governos que não enxergam o futuro e depois, com o mal já feito, devem desembolsar imensas quantias para o chamado trabalho de recuperação. Há, também, a falta de educação do povo. De acordo com a Sabesp, “35% da poluição acumulada na Bacia do Rio Tietê não vem da rede de esgotos, mas do lixo jogado nas ruas”. Isto significa que todos os dias toneladas de sacolas, plásticos, garrafas, latas e toda sorte de materiais são lançados no rio. E a advertência é assustadora: “Se a população não mudar esse procedimento, em 2015 esse lixo representará 65% da sujeira despejada diariamente em sua bacia.

O Projeto Tietê prevê que 350 milhões de litros de esgotos deixarão de ser despejados todos os dias na bacia do Alto Tietê, com redução de poluentes em mais de 40 km do trecho intensamente poluído.

Salvar o Tietê da morte definitiva deve ser um compromisso de toda a sociedade consciente e de governos responsáveis, assim como ver um ser vivo em cada árvore e bem acolher a Primavera, como a vida que se renova. (C.R.)

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.