EXCLUSIVO -“MINHA CASA, MINHA VIDA EM IBIÚNA – A INSENSATEZ DE UM ATO POLÍTICO
A senhorinha da foto é uma cidadã ibiunense. Dona Floriza Vieira Branco, 72, mora de aluguel no Residencial Europa, não sabe ler nem escrever. Ela e mais 471 pessoas, contempladas com a casa própria, foram convidadas a participar da solenidade de entrega das chaves do “Minha Casa, Minha Vida”, no bairro da Cachoeira. Lá estavam o prefeito, secretários, vereadores e um deputado estadual.
Dona Floriza foi escolhida para receber as chaves e posar para os fotógrafos, assim como aconteceu com mais algumas pessoas. Depois que o evento terminou, foi procurada e lhe pediram a chave de volta. Não entendeu nada!
Retrato da humildade
Ao ser entrevistada por vitrine online, d. Floriza se mostrava muito triste na fotografia. “Estou triste mesmo, isso não se faz com a gente.” Retrato da própria humildade de uma significativa parcela da população ibiunense, cuja maioria vive na roça e em dezenas de bairros. Essa mulher simboliza, nesta edição, todas as pessoas que não compreendem as atitudes dos políticos, mas se sentem desrespeitadas.
Na sexta-feira (13) disseram às pessoas que as chaves deveriam ser procuradas na prefeitura hoje e desde às 6h30 já havia contemplados esperando na porta principal que abre às 9h00. Ali tiveram duas informações: que a entrega começaria às 11h00 e, posteriormente, que na verdade seria na próxima sexta-feira. A partir daí houve uma reação que acabou por levar o secretário da Habitação, Nelson Nogueira Júnior, a entregar pessoalmente as chaves, e com isso terá evitado um possível tumulto que já havia se esboçado antes.
“Barraco”
Na fila – que do interior do saguão da prefeitura ia em direção à calçada na rua – duas mulheres que não quiseram se identificar declararam que “chegou um momento que nós armamos um barraco aqui, porque nós queremos nossas chaves. O secretário da Habitação, no entanto, negou que tivesse acontecido qualquer anormalidade.
Ele disse à vitrine online que iria se esforçar para entregar o maior número possível de chaves, isto porque é preciso fazer uma conferência, inclusive documental, para evitar-se problema como entregar a chave errada [são 472 pares de chave, ao todo].
Do lado de fora, debaixo do sol forte, uma senhora afirmou ter perdido dois dias de serviço, um na sexta-feira quando foi à solenidade, na verdade simbólica de entrega das chaves, e outro hoje. “Sou a única faxineira de uma academia e posso até perder o emprego por isso”, reclamou.
Desinformação
Vitrine online ouviu mais de quinze pessoas que se encontravam na fila e o denominador comum das respostas de algum modo era a falta de informação clara, simples e objetiva por parte da prefeitura em relação aos contemplados com a casa própria. Também citaram a falta de organização como fator que gerou desconforto a centenas de pessoas, especialmente as idosas.
Felicidade
Janaina Santos Santa, 32, moradora no centro de Ibiúna, estava feliz. Grávida teve atendimento prioritário e saiu com as chaves nas mãos. “Se Deus quiser, vou ter meu filho já morando em minha casa nova”, disse com um sorriso. (C.R.)