NO RITMO DA NATUREZA, IMAGENS DE HOJE DA REPRESA ITUPARARANGA SÃO COMOVENTES
Para quem se ajoelhou no leito seco da represa Itupararanga poucos meses atrás, ao ver a cena desoladora provocada pela prolongada estiagem, hoje foi um dia comovente, de ir às lágrimas, com a maravilhosa recuperação elaborada pela natureza de modo silencioso e indiferente às razões humanas. As águas estão voltando, preenchendo os espaços vazios que eram seus e refletindo um encantamento da vida em movimento.
Agrupamentos de pedras que emergiram formando pequenas ilhas agora se tornaram invisíveis porque ficaram novamente submersos, as margens que se haviam expandido estão cada vez mais estreitas com a cheia das últimas chuvas e continuam sendo o parque de diversões de uma variedade de aves e pássaros em busca de alimentos.
As imagens tristes construídas pela agonia das águas desaparecidas, ainda que para a natureza tudo seja natural e indiferente às emoções e sentimentos humanos, agora são substituídas por outras no ciclo perene que vai e vem. A vida, todos sabem, é úmida ou líquida, mas não só apenas isso, porque seus mistérios estão muito além do que somos capazes de perceber.
A série de fotos que fizemos da represa desde agosto de 2014 e as notícias correspondentes que divulgamos se causaram preocupação nos ibiunenses e moradores na região, como, aliás, se verificou intensamente em relação aos grandes reservatórios que abastecem São Paulo que também estavam a caminho da morte, com seus leitos nus e encrespados pela terra ressequida.
Mas festejemos as imagens de hoje que refletem uma nova realidade que nos tranquiliza, ao mesmo tempo em que deixa registrada a importância da água para a vida. A lição das águas que fica, lembrando que ontem (22) se comemorou o Dia Mundial da Água, é: “Parece que vocês só dão valor a uma coisa quando a perdem. Está na hora de aprender que é bom, belo e verdadeiro respeitar a natureza, da qual vocês também fazem parte.”
E a gente nem imaginava que a Itupararanga era capaz de se comunicar conosco. (C.R.)