DOIS HOMENS MORREM NO FUNDO DE UM POÇO EM IBIÚNA; CAUSA PROVÁVEL É “POÇO GASADO”

Dois homens morreram no fundo de um poço no município de Ibiúna no último sábado (2), por volta das 12h50. O fato ocorreu em um sítio localizado no bairro da Cachoeira, na Estrada do Carmo Messias, e foi registrado na Delegacia de Polícia no centro da cidade. A causa da morte de ambos pode ter ocorrido por que o poço estava “gasado”, na linguagem empregada pelo Corpo de Bombeiros. Quando isso acontece a vítima pode ter sofrido asfixia [falta de ar] ou envenenada por algum gás tóxico.

Um soldado do Corpo de Bombeiros de São Roque [preferiu o anonimato] que já atuou em casos como esse disse à vitrine online hoje à tarde (4), que “por não ter cheiro” não chega a ser “percebido” pela pessoa que vai ao fundo do poço. Sua ação é rápida e pode ocorrer em 15, 30 ou 60 segundos de acordo com a capacidade respiratória de cada um. Logo a pessoa desmaia, o coração vai de um rápido batimento à parada total, o que causa a morte súbita.

O bombeiro explica que, por ser mais pesado que o ar, o gás joga o oxigênio para cima tornando o lugar  irrespirável, uma verdadeira armadilha. De acordo com ele, não existe medida preventiva para evitar esse risco. Quando um poço é furado e brota a água, pode não ter gás tóxico, mas depois este pode se acumular.

“A melhor forma de proteção aos profissionais que lidam com poço é descer equipado com ar comprimido, como o utilizado pelos mergulhadores. Fora disso, sempre há risco de morte.”

Em geral, quando os bombeiros são chamados e chegam ao local da ocorrência, o que podem fazer é tentar reanimar as vítimas, geralmente já em parada cardíaca e, nesse caso, o salvamento depende de fatores imponderáveis de sorte ou do que alguns chamam de “milagre”.

As mortes de sábado

De acordo com o boletim de ocorrência registrado na Delegacia de Polícia de Ibiúna, Fábio Viana, 34, casado, morador no município de Vargem Grande Paulista e proprietário de um sítio, contratou os serviços do poceiro Antonio Rodrigues dos Santos, 68, solteiro, morador no bairro da Cachoeira da Estrada do Verava [cerca de 20 km do centro de Ibiúna], para catar uma bomba que havia caído no fundo do poço.

Logo após descer, Santos desmaiou. Ao perceber a situação, Viana desceu para socorrê-lo, mas igualmente desmaiou. Ambos morreram no local.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.