OS TRÊS MACAQUINHOS SIGNIFICAM ALGUMA COISA PARA VOCÊ?
O que se escreve no Facebook é importante, pelo menos como desabafo, pois dá a sensação a quem escreve de que alguma coisa vai acontecer por ter postado alguma mensagem. Serve também como forma de protesto, de denúncia, e para arregimentar reuniões e manifestações públicas, como temos visto no Brasil em crise. Mas nenhum meio de comunicação cumprirá sua missão, se as pessoas se mantiverem congeladas e cautelosas em demasia e, mesmo, alienadas, como sugerem as três poses dos macaquinhos. “Não vejo, não escuto, não falo.”
E é possível que essa atitude seja mais comum e corriqueira do que conseguimos imaginar. Exemplo: uma creche é interditada e o motivo real só vem à tona porque uma revista eletrônica procura informar a opinião pública e solicita à prefeitura uma posição oficial. Nada pode ser mais correto jornalisticamente! Mas nem os denunciantes e nem os pais das crianças – que deixaram de ser atendidas – permitem que seus nomes apareçam. O medo de retaliação é palmar e, digamos, chega a ser absurdo nesses tempos de admirável mundo novo de transparência cada vez maior e da necessidade de inaugurarmos novas relações sociais e políticas saudáveis.
Outro exemplo: promete, a administração pública, construir uma calçada que, sobretudo, vai melhorar a segurança de centenas de munícipes, agenda uma data para o início das obras e nada acontece. O motivo do não cumprimento da promessa fica sem explicação asi no más. No mundo real, as pessoas continuam pisando barro, pisando torto, caminhando por onde passam os carros, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. E não dá para não lembrar dos macaquinhos.
São apenas dois exemplos, existem muitos outros na linha de divergência que marca as relações entre os munícipes e administração pública e entre os legisladores da cidade e os seus eleitores. E não vejam essa frase como provocação ou crítica, mas como uma contribuição sincera a todos que integram o Executivo, o Legislativo e a população inteira. Todos fazemos parte da mesma cidade e, igualmente, somos responsáveis pelo que nela acontece. Não adiante tapar o Sol com a peneira ou postergar iniciativas que já não podem esperar, pois o que está ruim poderá ficar pior (e custar mais caro) e o que deve ser feito e não se faz, sob pretextos explícitos ou ocultos, poderá ser causa de novo problema. E assim sucessivamente. Na informalidade cotidiana, ouvimos acusações, maledicências, boatos, fofocas que só servem, mais uma vez, como desabafo, mas não altera a realidade.
Cadê as associações de bairros, cadê as ONGs, cadê os amigos da cidade, cadê as lideranças, responsáveis e competentes, cadê a consciência de cidadania capaz de despertar e nos fazer dignos dos nossos próprios atos públicos? Só atuando de forma unida, organizada, com objetivos claramente definidos e com fundamentos jurídicos adequados se poderá estabelecer um relacionamento de resultados com as instituições estabelecidas e que têm um caráter conservador e lento. (C.R.)