MEMÓRIA IBIÚNA – ZEZITO FALCI GANHA A ELEIÇÃO, MAS NÃO LEVA

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IBIÚNA, HÁ 40 ANOS – O CORREIO REGIONAL – O lendário político ibiunense José Vicente Falci (Zezito Falci) obteve maior número de votos individualmente [havia mais quatro postulantes] na eleição para prefeito de Ibiúna em 1976, concorrendo pelo MDB, mas não ganhou. Perdeu para o sistema bipartidarista que privilegiava o voto por legenda. Existiam somente dois partidos na época – MDB e Arena.  A Arena somou nas urnas 4.918 votos contra 4.551 do MDB, ou seja, teve a vantagem de 387 votos.

Por isso, foi eleito Orlando da Silva, arenista que atuava como assessor jurídico do prefeito Seme Issa que o apoiou. Cinco candidatos disputaram o pleito:

José Vicente Falci (MDB) – vice – João Benedicto de Mello Jr.

Orlando da Silva (Arena) – vice – Alfredo Pereira de Albuquerque;

Rubir Salim Elias (Arena) – vice – Shigemasa Saito;

Tsutomo Kawakami (MDB) – vice – Wilhelnus Jacobos Verhagen;

Rubens Xavier de Lima (MDB) – vice – José Firmino Rolim Soares.

orlandoNesse pleito havia em Ibiúna 11.019 eleitores [atualmente são mais de 59.000] e os resultados oficiais para prefeito foram: Zezito Falci, 2.578 votos; Orlando da Silva, 2.487; Rubir, 2.431; Tsutomo, 1.053; Rubens, 920.

Tanto a Arena quanto o MDB indicaram, cada um, trinta e três candidatos a vereadores às onze vagas existentes na época [atualmente são 15]. A Arena elegeu 5 vereadores: Salvador Duganieri (363 votos), Fadlo Rahal (361), Benedito Rolim de Freitas (353), Iuquim Elias (294) e Issao Sato (224). O MDB fez seis vereadores: Luiz Gabriel Vieira (460), José Gomes Linense (292), Miguel Pereira da Silva (288), Firmino Pereira da Cruz (264), Júlio Cesar Rabelo (252), Laurindo Boaventura de Moraes (219).

Horácio Bernardo da Cruz, com 219 votos, ficou na primeira suplência e, na segunda, Jonas Campos [que seria eleito prefeito mais tarde], com 216 votos.

zezitoVereador há quatro legislaturas, Tufi Issa foi impedido de concorrer pela Justiça Eleitoral em Ibiúna, com base na lei das inegibilidades. O juiz eleitoral, Octávio Helene Júnior, fundamentou sua decisão no fato de ele ser irmão do prefeito Seme Issa. A lei vetava candidaturas de parentes de prefeito, até o 3º grau, caso este não se afastasse do cargo até seis meses antes da eleição. Tufi, político hábil, planejou a campanha eleitoral vitoriosa de Orlandinho Silva.

rubitDepois de proclamados os resultados da urnas, Tufi demonstrou estar cansado pela exaustiva campanha, não quis se manifestar, mas teceu elogio às condutas do juiz, assim como de componentes da Polícia Militar, nas pessoas do sargento Caporazzi e do cabo Aranzana, por contribuírem para que o pleito ocorresse de modo disciplinado.

kawakamkiO orçamento elaborado por Seme Issa para 1977, já para seu sucessor, mostrava um equilíbrio entre receita e despesa da ordem de 13 milhões de cruzeiros (moeda da época), dos quais Cr$ 3 milhões estavam destinados a prestação de serviços de utilidade pública, sobretudo no sistema viário e urbanismo; para a saúde, estavam reservados Cr$ 747 mil.

rubãoOs demais eleitos na região foram: Juracy Rosa Soares (Arena), no município de Piedade, com 3.189 votos; Quintino de Lima (MDB), 5.504 votos, em São Roque; Antonio Gemente (Arena), 3.026 votos, em Mairinque.

Na ocasião, nosso colaborador em São Roque, Oscar Verzola, defendia em artigo que as cidades, que denominou de “as quatro irmãs” se unissem para tratar e solucionar problemas comuns, já que atuando de forma conjunta conseguiriam somar maior força política junto às autoridades estaduais e federais.

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tITE HOJEVitrine online convidou o jornalista Antoninho Rossini para relembrar histórias que O CORREIO REGIONAL, que ele lançou e dirigiu em Ibiúna e mais três cidades da região (São Roque, Piedade, Mairinque) há quarenta anos. Os ibiunenses mais antigos vão reconhecer os fatos narrados e os mais jovens terão a oportunidade de saber coisas do passado de sua cidade. Antoninho iniciou sua carreira como repórter nos anos 1960, trabalhando para diversos jornais e emissoras de rádio em São Paulo e no Grupo Bandeirantes. Foi um dos primeiros repórteres a cobrir a guerrilha na serra do Caparaó, entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santos e os conflitos sociais durante o movimento político de 1964. É especialista em publicações de marketing e propaganda, autor do livro Além dos Rios – Aventura e espiritualidade de Aladir, o navegador solitário, um retrato do que acontece na região da Amazônia, lançado pela Editora Tag&Line, da qual é diretor.

 

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.