“MULHERES DA CACHOEIRA”, SENTINDO-SE DESPREZADAS, REITERAM APELOS A FÁBIO BELLO

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No mês de março, um grupo de mulheres moradoras no bairro da Cachoeira nos chamou para que publicássemos um apelo ao prefeito de Ibiúna a fim de que atendesse aos seus reclamos crônicos: melhoria na rua Moacir Leme da Silva, que tem uma extensão de 1,5 km, tem piso de terra que vira lamaçal cheio de buracos nas chuvas, instalação de iluminação pública e dos serviços de transporte da Viação Raposo Tavares, que são extremamente precários [não existe simplesmente nos feriados e aos domingos]. Um dos itens também pedido foi a implantação de abrigos para espera dos ônibus.

Essa rua começa na Estrada da Cachoeira e fica a cerca de mil metros da chácara do prefeito, cuja entrada é bem iluminada. Os problemas apresentados pelas “Mulheres da Cachoeira” foram levados ao conhecimento do então secretário de Desenvolvimento Urbano [responsáveis pelo transporte urbano e iluminação púbica], Ulisses Pessoa, atualmente secretário da Administração e à secretária de Obras [melhoria da estrada], Priscila Ferrer.

Recentemente, apresentamos ao prefeito Fábio Bello, pessoalmente, o pedido das senhoras para que a rua receba iluminação pública, porque sofrem muito desconforto para caminhar à noite, quando precisam ir às missa na Capela de Nossa Senhora do Bom Parto ou a outros lugares. Em toda aquela extensão só existem dois bicos de luz, na ocasião aparentemente inúteis. Bello respondeu de imediato: “Sei o lugar, vou providenciar a instalação das lâmpadas.”

Chamou a atenção dos moradores naquela localidade [cerca de 200 famílias] o fato de a prefeitura ter instalado quatro ou cinco abrigos de ônibus na Estrada da Cachoeira. Exatamente a entrada da rua Moacir Leme da Silva, onde a população espera os ônibus debaixo do sol ou da chuva, ficou de fora.

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Agora a situação fica ainda mais curiosa é que pouco mais à frente a prefeitura instalou um abrigo exatamente ao lado de outro existente há anos e construído pela própria população do bairro e que, pela aparência, pode durar muito mais tempo do que foi instalado agora. Um ao lado do outro, ao lado de um bar na beira da estrada.

Na noite do dia 28, na festa da chegada de São Sebastião, algumas “Mulheres da Cachoeira” viram o repórter. Naturalmente perguntaram por que o prefeito não atendeu até agora seus pedidos. Sem informação alguma da prefeitura, o jornalista nada pode responder. Mas elas fizeram uma declaração preocupante: o abrigo não teria sido instalado na entrada da rua por “pirraça do prefeito”.

“Ouvimos comentários de que ele não gostou da nossa reclamação na revista e na televisão e ficou irritado porque nos queixamos. Mas tomamos essa atitude porque fomos diversas vezes à prefeitura para falar diretamente com as autoridades sobre os problemas, mas nunca tomam as providências, às vezes nem nos atendem. E nós continuamos sendo desprezadas e convivendo com toda sorte de sofrimento, durante o dia e à noite.”

Um dos moradores enviou um pedido diretamente à Viação Raposo Tavares, cansado de esperar por uma providência efetiva da prefeitura. Recebeu uma resposta educada, sobre as demoras dos ônibus, a falta deles nos feriados e domingos: a demanda de passageiros é muito baixa e não justifica o deslocamento de mais ônibus, “no entanto vamos avaliar a alguma possibilidade” e, no fim da resposta, um agradecimento ao queixoso e a reiteração de que sempre estão às ordens para novos contatos.

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.