HOMEM QUE MATOU PM EM IBIÚNA EM 2014 É CONDENADO A 17 ANOS DE PRISÃO
Diego Mendes Reis foi condenado ontem a 17 anos e 6 meses em regime fechado pela morte do policial militar Everaldo Fernando de Moura. O crime foi cometido no dia 4 de maio de 2014, no bairro Rio de Una de Baixo, no município de Ibiúna, e teve repercussão nacional.
A juíza Paula da Rocha Silva Formoso, da Comarca de Ibiúna, proferiu a pena depois da sentença dada pelo Tribunal do Júri, formado por seis mulheres e um homem, em uma sessão que durou sete horas, no Fórum de Ibiúna. Houve um expressivo comparecimento de estudantes de Direito e advogados e cinco familiares do réu.
Diego foi condenado por homicídio qualificado e porte de arma de fogo [que pertencia ao PM] e absolvido por uma tentativa de homicídio qualificado. A defesa de Diego coube ao advogado criminalista Neto Atui, designado pela Defensoria Pública, que foi auxiliado pelos advogados Fábio Henrique Machado, Cristiane Ferreira e Edson Ferrari Jr. Pela acusação, atuou o advogado criminalista Valdionor Plácido Vieira da Silva.
O promotor público Bruno Carlo Bertini Felia, que atuou no caso, pediu a condenação do réu pelos crimes de homicídio qualificado e porte ilegal de arma e sua absolvição acusação de tentativa de homicídio qualificado contra Adevaldo Fausto Bezerra, por falta de provas.
“Não consegui a exclusão da qualificadora do homicídio por um voto (4 a 3) – declarou Atui Neto –, mas sei que exerci a defesa do meu assistido em sua plenitude. Esse voto poderia ter mudado a situação jurídica do réu, pois o teria colocado em liberdade. Vou recorrer da sentença, mas de uma forma ou de outra houve Justiça”. Ele sustentou a legítima defesa do réu de terceiros e defesa própria, absolvição da tentativa de homicídio e de porte ilegal de arma.
“O embate profissional da defesa e da acusação teve como oponentes dois estudiosos apaixonados pelo Direito e contribui para o engrandecimento da Advocacia e valorização da Justiça”, afirmou Plácido.
Neto elogiou a atuação de seu colega Plácido, “que representou de forma digna a família da vítima, atuando com dedicação e esmero”. Ambos se defrontaram e houve momentos verbais tensos, mas depois que a sessão terminou, se cumprimentaram na frente do Fórum, num clima de mútuo respeito e cordialidade.
COMO FOI O CRIME
O portal R7.com revela que o crime foi cometido porque Diego, na ocasião com 23 anos, teria ouvido gritos de sua irmã, uma adolescente de 14 anos, que estaria sendo violentada pelo PM Everaldo em um dos quarto de sua casa localizada no loteamento São Marcos 2, no bairro Rio de Una de Baixo, cerca de dez quilômetros do centro de Ibiúna.
Na verdade, os três estavam reunidos em torno de um churrasco na casa de Diego [eram vizinhos], quando o policial e a adolescente teriam trocados olhares e depois ido para a casa de Everaldo. Ao ouvir a voz queixosa da irmã, Diego se armou de uma faca, que estava sobre em uma mesa na sala da casa da vítima, teria pedido que Everaldo abrisse a porta. Quando a porta foi forçada e aberta, Diego arremeteu contra Everaldo esfaqueando-o no peito.
A adolescente fugiu do quarto. Diego pegou a arma do policial que se encontrava em cima de um móvel e disparou um tiro na cabeça do policial, matando-o no ato. Nesse momento, Adevaldo Fausto Bezerra, conhecido como Pernambuco, ao ouvir pedidos de socorro da vítima teria se armado de um pedaço de pau e desferido um golpe na cabeça de Diego que, de arma em punho, teria dato um tiro em sua direção, mas isso não foi comprovado, mesmo porque a perícia constatou que houve somente um disparo da arma.
Diego se escondeu no mato e no dia seguinte foi preso pela Guarda Civil Metropolitana dentro de um táxi a caminho de São Paulo, junto com sua amásia, tendo ainda a posse da arma que tomara do policial e com a qual a matara.