LIVRE PENSAR – O HOMEM É UM ANIMAL QUE FALA E, POR ISSO, HUMANO E SOCIAL

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O homem é um animal que fala. Ele o faz por meio da linguagem ou sistema de símbolos, signos ou palavras, que funcionam como senhas para ingressar no mundo humano. Dito de outra forma, é a linguagem que permite a cada um de nós ingressar e se manter no mundo como ente social.

Naturalmente os seres humanos nascem equipados fisicamente para, anatômica e fisiologicamente, emitir sons, que funcionam de modo convencional em uma cultura e que permitem que as pessoas representem umas para as outras suas intenções, sentimentos, seus atos. Em suma, é assim que se influenciam umas às outras e definem a cada dia seu destino existencial.

Signos são formas de representações de umas coisas por outras. Por exemplo, levantar o braços e abanar a mão pode significar um cumprimento ou uma despedida; os números representam as quantidades reais de objetos, sejam quais forem, as palavras nomeiam algo. A palavra macaco está no lugar do animal, que tem suas características conhecidas por todos. Quando uma pessoa diz a outra “eu te amo” está expressando um sentimento abstrato mas com significado reconhecido pelo outro.

A linguagem que utilizamos determina nossos relacionamentos e a forma como vivemos. Geralmente, uma palavra com conteúdo socialmente convencionado provoca reações de carinho ou de agressividade. Em síntese, somos o que pensamos [por meio de palavras], e, especialmente, o que falamos aos outros ou escrevemos. Já observaram o que tecnologia social da internet tem proporcionado uma babel nas redes e grupos sociais?

É quando falam que os seres humanos se revelam e são avaliados por quem os escutam. As palavras e a forma como são organizadas mentalmente são decisivas em toda forma de relacionamento, como conseguir um emprego, arranjar uma namorada, manter um casamento, sustentar uma reputação. Experimente insultar ou ofender alguém e observe o resultado.

Se indiferença gera indiferença, o uso das palavras pode abrir ou fechar portas, até mesmo nas relações metafísicas com o Cosmos ou figuras divinas. Já viu uma prece ou oração com palavras negativas? Observou como as pessoas que estão interessadas em conquistas amorosas, como procuram ser doces e persuasiva, utilizando palavras atrativas?

A pobreza verbal dificulta a compreensão dos pensamentos, a maioria dos quais nem é percebida, assim como restringe solucionar toda sorte de problemas, até mesmo em questões extremamente simples, quando alguém, infelizmente, é analfabeta [aquele que não conhecem o valor representativo das palavras]. Quantas vezes, no supermercado, alguém ao seu lado lhe pediu para ler uma embalagem ou etiqueta com informação sobre determinados produtos?

Enfim, mas não menos importante, as palavras são as fontes de amadurecimento e libertação das pessoas. Quanto menor for o repertório verbal das pessoas mais reféns elas são e sujeitas a enganos por parte de espertalhões ou indivíduos que agem com má-fé e se aproveitam da inocência de muitos.

O bom uso das palavras e da linguagem está diretamente relacionado à educação que recebemos em nossas casa e na escola desde nossa infância mais remota. As palavras são essenciais para você ser você mesmo. (Carlos Rossini)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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