LIDERANÇA E CREDIBILIDADE  – MANIFESTO PÚBLICO EM FRENTE AO PAÇO MUNICIPAL DE IBIÚNA MALOGRA

É justo que a população se manifeste e lute por melhorias nos municípios, estados e governo federal quando as coisas não funcionam como deveriam. Na verdade, pela situação do país corrupto e desavergonhado deveria haver manifestações diárias, que reunissem grandes massas populares, de forma organizada e comunicação clara de seus propósitos às autoridades.

Hoje (9), um cidadão “convocou” manifestação pública em frente ao Paço Municipal, em Ibiúna, sob o lema “Saúde Pede Socorro”. Compareceram três ou quatro pessoas. Esse mesmo personagem tem tomado essas iniciativas invariavelmente inexpressivas.

Há um ponto de cara estranho. Por que se reunir em frente ao Paço Municipal se o prefeito da cidade está despachando em um prédio na rua XV de Novembro. É preciso saber também que mobilizar a população exige liderança, credibilidade e uma sintonia perfeita com os anseios reais das pessoas. Em suma, eis algumas das razões do fracasso do evento marcado para hoje cedo.

Além disso, e não menos importante, há falta de tradição cultural e política dos ibiunenses, que preferem não se envolver com política. Ao contrário de eventos que atraem multidões como a Festa de São Sebastião, aniversário da cidade e da padroeira Nossa Senhora das Dores, carnavais ou outros eventos festivos, os demais resultam de pequena monta.

MANIFESTAÇÕES

A maior manifestação registrada por vitrine online ocorreu no dia 16 de maio de 2015, reunindo pelo menos duzentos professores e profissionais da educação em frente ao Paço Municipal. Antecedendo esse fato, no dia 7 de março em assembleia eles resolveram se considerar em “estado de greve”.

“A situação das escolas é simplesmente caótica, assim como a falta de respeito aos profissionais”, declararam lideranças do movimento. E assinalaram: “Não há papel higiênico, material de limpeza e as próprias escolas estão comprometidas. As condições são péssimas”.

Antes disso, no dia 13 de março de 2015, um grupo popular convocou “Manifestação contra os desmandos do poder público.” Na ocasião, os líderes do movimento disseram a vitrine online: “Ibiúna não tem nada: saúde, segurança, estradas, asfalto, transporte público e nem mesmo um sistema de telefonia decente.” Marcado para a Praça da Matriz, compareceram em torno de dez pessoas.

No dia 12 de setembro de 2016, houve manifestação de servidores municipais, que se queixaram a sua entidade de classe. O Sindicato dos Servidores Municipais de São Roque, Ibiúna e Região convocou um manifesto diante do Paço Municipal. A queixa principal era falta de pagamento. Cerca de oitenta pessoas participaram, portando faixas, cartazes; alguns usavam nariz de palhaço e apitos. Conseguiram receber e o presidente do sindicato perguntou: “Se tinham dinheiro, por que não pagaram antes?”

QUEIXAS SIMILARES

O pano de fundo desses eventos revela que os problemas apontados são tão parecidos quanto crônicos e refletem igualmente a similaridades de conduta dos governantes. Ou seja: quando as administrações tendem a se repetir em seu formato, os resultados obtidos – e indesejados pela população – são parecidos. Resultado é o que tem frustrado a população ao longo do tempo, num ciclo vicioso.

Na última eleição, a maioria dos eleitores decidiu por uma nova escolha, um nome que pela primeira vez assume a chefia do Executivo ibiunense. Foi eleito em nome da esperança de uma virada, de uma quebra de paradigmas, enfim, um novo governo capaz de mudar essa tendência tão nefasta ao município.

É em nome dessa esperança que ainda se acredita e se espera por mudanças e melhorias substanciais e é exatamente isso que o atual prefeito tem prometido e espera ser juLgado na conclusão do seu mandato. (Carlos Rossini)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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