LULA É O PRIMEIRO PRESIDENTE DO BRASIL PRESO POR CORRUPÇÃO

Em longo discurso político agora há pouco, em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Lula diz que vai se entregar à Polícia Federal para cumprir a pena. [Lula foi levado para a Superintendência da Polícia Federal no bairro da Lapa, em São Paulo, onde chegou às 19h44 de hoje (7)].

Luiz Inácio Lula da Silva não é o primeiro presidente da República preso no Brasil. Antes dele, cinco foram presos: Hermes da Fonseca, Washington Luís, Artur Bernardes, João Fernandes Café Filho e Juscelino Kubitschek.

Os motivos variaram de acordo com a época em que se deram os fatos, sobretudo por conflitos com os militares que interferiram diretamente no processo político determinando e influenciando a esfera do poder do Executivo Federal.

Lula é o único em que as razões da determinação de sua prisão se relacionam com problemas éticos e morais, já que os fundamentos de sua condenação dizem respeito ao caso do tríplex do Guarujá, com tipificação de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Lula foi condenado em duas instâncias a 12 anos e 1 mês, inicialmente em regime fechado.

Na República Velha, Hermes da Fonseca governou o país de 1910 a 1914. Sua prisão ocorreu quando já não mais era presidente da República, em 1922, ano em que Epitácio Pessoa, então chefe do Poder Executivo, mandou fechar o Clube Militar, presidido por Hermes da Fonseca, junto com a ordem da prisão do ex-presidente.

Durante seu mandato, Artur Bernardes, quando eclodiu a Revolução Constitucionalista, em 1932, foi preso por tentar fazer um levante em apoio ao movimento paulista. Passou pelo Rio de Janeiro para colher depoimentos e depois partiu para exílio em Portugal.
No dia 24 de outubro de 1930, o presidente Washington Luís foi deposto e preso pelas Forças Armadas. Washington Luís foi acusado de ordenar o assassinato de João Pessoa, candidato da chapa da Aliança Liberal à Vice-Presidência. Washington Luís foi o primeiro presidente brasileiro preso durante o mandato.

João Fernandes Café Filho assumiu a Presidência depois do suicídio de Getúlio Vargas, mas não permaneceu por muito tempo no cargo. O ex-presidente, com complicações de saúde em 1955, teve de se afastar do cargo. Entretanto, quando teve alta, Café Filho viu sua casa cercada pelo Exército, que o impediu de voltar ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Cumpriu a pena em seu próprio domicílio.
Juscelino Kubtischek foi preso em 1968 por ordem dos militares. Ele foi preso na mesma noite em que o AI-5 foi decretado. JK era um dos organizadores da Frente Ampla, movimento que pedia a volta da democracia. Foi detido quando se dirigia a um teatro e levado à Vila Militar.

Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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