FATOS [QUASE NÃO DIVULGADOS] PEDEM AOS IBIUNENSES QUE CRIEM ESPERANÇA

Se me fosse possível evocar a inspiração de uma musa benevolente, sensual, e devota do prazer estético, lhe pediria humildemente que me trouxesse versos que atraíssem a leitura atenta e sensível desse povo ibiunense que amo e respeito.

Realçaria a esperança que desperta as pessoas para as possibilidades de as coisas boas acontecerem em suas vidas reais. Ao invés, prenderia o desespero de novo na caixa de Pandora, de forma bem segura, a fim de evitar exatamente que esse sentimento profundo que torna os indivíduos incapazes de qualquer ação, como se não houvesse mais saída para seus tormentos.

Haveria pelo menos um verso que combinasse à perfeição um conluio santificado entre são Sebastião, nosso protetor, com Nossa Senhora das Dores, nossa padroeira, em favor da vida, da alegria, da confiança e do amor colaborativo entre as pessoas.

Todo eu pode, de fato, desesperar pelas circunstâncias da existência, em que não se exclui a dor e o sofrimento, além do que somos biologicamente vulneráveis e socialmente frágeis nas associações que compomos ou que nos compõem, muito além de nossa consciência e da razoabilidade. Em relação a esta, somos seres muito frágeis, pois estamos sujeitos o tempo todo de perder a razão.

Em geral, não estamos no comando de nossas vidas, na medida em que temos imperativamente que trabalhar para dar sustentação aos nossos corpos e daqueles que de nós dependem, estamos sujeitos ao que recebemos a cada mês para manter as nossas vidas, mediante a aquisição de alimentos.

Muitos se sentem ou perdidos ou humilhados ou simplesmente desprezados ou, ainda pior, marginalizados pela sociedade “organizada” e “funcional”. Definitivamente, é perigoso nascer e viver, pois a existência nos apresenta armadilhas às vezes terríveis que nos remetem ao fatídico desespero. E, pior, ao ato desesperado, quando a consciência perde sua função e o perigo nos toma de assalto e escolhemos a fuga desesperada, imediata, insensata, cega, terrível.

O que é ou deveria ser o existir? Nossas relações capitalistas são mediadas por objetos, incluindo, principalmente, o dinheiro e dinheiro não é o fundamento da vida, mas apenas um meio para cumprir suas finalidades. Além disso, não passa de um tirano impiedoso que nos afasta uns dos outros, pode matar nossos sonhos e os valores que nos conferem aquilo que somos: humanos.

Entre querer se libertar de si mesmo, que é uma das causas do pânico e do desespero e querer desesperadamente ser si mesmo, pode nos fazer separar da essência da vida ou dos nosso autor supremo, Deus.

Ser humano e existir como ser humano nos permite escolher a forma como enfrentar a realidade e responder a ela de forma positiva, confiante que pode amar e contar com os outros seja pela condição comum de fraternidade e solidariedade que nos torna comuns, seja pelo amor que etimologicamente significa sem morte ou seja a escolha pela vida e seus encantos ainda que breves e efêmeros. (Carlos Rossini)

Nota: escrevo isso porque Ibiúna parece estar precisando com premência de lições de amor explícito entre seus pares.

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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