POR QUE O DIA DO TRABALHO É COMEMORADO NO 1º DE MAIO

1º de Maio é o Dia do Trabalhador ou Dia do Trabalho. É comemorado em vários países e, assim como no Brasil, é um feriado nacional. Há países, como Austrália e Estados Unidos, que comemoram em outras datas.

A fixação desse dia no calendário foi inspirado há 132 anos, na cidade de Chicago (EUA), bastante industrializada naquela época.

No 1º de Maio de 1986, milhares de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho, entre elas, a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Neste mesmo dia ocorreu nos Estados Unidos uma grande greve geral dos trabalhadores. Dois dias depois, um conflito envolvendo policiais e trabalhadores provocou a morte de alguns manifestantes.
Este acontecimento provocou revolta nos trabalhadores, gerando novos enfrentamentos com policiais.
No dia 4 de maio, num confronto de rua, manifestantes atiraram uma bomba nos policiais, provocando a morte de sete deles.
Foi o estopim para que os policiais começassem a atirar no grupo de manifestantes.
O resultado foi a morte de doze protestantes e dezenas de pessoas feridas. Foram dias marcantes na história da luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho.

No Brasil, existem relatos de que a data é comemorada desde 1895. Mas, foi em setembro de 1925 que a data tornou-se oficial, por decreto do então presidente Artur Bernardes.

ERA VARGAS

Em 1º de maio de 1940, o presidente Getúlio Vargas instituiu o salário mínimo. Este deveria suprir as necessidades básicas de uma família (moradia, alimentação, saúde, vestuário, educação e lazer)
Em 1º de maio de 1941 foi criada a Justiça do Trabalho, destinada a resolver questões judiciais relacionadas, especificamente, as relações de trabalho e aos direitos dos trabalhadores.

Até o início da Era Vargas (1930-1945) eram comuns nas grandes cidades brasileiras certos tipos de agremiação dos trabalhadores fabris (o que não constituía, no entanto, um grupo político muito forte, dada a pouca industrialização do país).
Esta movimentação operária tinha se caracterizado em um primeiro momento por possuir influências do anarquismo e mais tarde do comunismo, mas com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, ela foi gradativamente dissolvida e os trabalhadores urbanos passaram a ser influenciados pelo que ficou conhecido como trabalhismo (“ideologia” que não está interessada na desconstrução do capital, mas em sua colaboração com o trabalho). 

CONTROLE DAS MASSAS

O trabalhismo foi usado pela propaganda do regime varguista como um instrumento de controle das massas urbanas: isto se vê refletido na forma como o trabalho é visto cada vez mais como um valor.
Até então, o Dia do Trabalhador era considerado por aqueles movimentos anteriores (anarquistas e comunistas) como um momento de protesto e crítica às estruturas socioeconômicas do país.
A propaganda trabalhista de Vargas, sutilmente, transforma um dia destinado a celebrar o trabalhador no Dia do Trabalho.
Tal mudança, aparentemente superficial, alterou profundamente as atividades realizadas pelos trabalhadores a cada ano, neste dia, até então marcado por piquetes e passeatas, o Dia do Trabalho passou a ser comemorado com festas populares, desfiles e celebrações.
Atualmente, essa tendência foi assimilada pelo movimento sindical, que realiza grandes shows com nomes da música popular, sorteios de casas, automóveis, entre outros.

Nota da Redação: este texto dá uma noção desse fato relevante, mas está longe de refletir a amplitude e movimentos ocorridos também na França [onde a jornada era de 16 horas diárias] e em outros países, devidos a conflitos entre capital e trabalho.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *