O RACISMO DEIXARÁ DE EXISTIR; É O PROCESSO EVOLUTIVO QUE SEGUE

No futuro – o processo evolutivo está em andamento de forma cada vez mais notável – o racismo deixará de existir. Não porque haverá leis mais fortes, simplesmente, mas devido à necessidade genética de a humanidade se curar de uma doença tão antiga quanto nefasta.

Além disso, é bom saber, desde já, que não há fundamento genético algum para considerar uma raça inferior a outras. Antes de fundamentar explicitamente essa tese volto no tempo a uma experiência jornalística feita pela extinta revista Realidade, num tempo e num espaço brasileiros em que a questão era ainda alvo de ampla ignorância.

O editor pautou uma reportagem formando um casal integrado por um negro e uma loira que passaram a andar juntos pelas ruas do Brasil, tipo São Paulo, Rio de Janeiro e capitais nordestinas. À medida que o casal passava provocava frisson, olhares desaprovadores e estranhos. Era uma prova do racismo. Como assim, um negro com uma loira? A arte iria reagir de forma poética.

Marcos Valle compôs “Black is Beautiful”, uma provocação incisiva interpretada por Elis Regina. Um verso diz:

“Hoje à noite amante negro eu vou

Enfeitar o meu corpo no teu

Eu quero esse homem de cor

Um deus negro do Congo ou daqui”

Sabemos, ainda hoje, de manifestações racistas nas ruas e relacionadas a artistas e expressas nas redes sociais com postagens escabrosas, mas, podem crer, esse tipo de sentimento e de expressão serão diluídas até desaparecerem do contexto humano. E, aí, o mundo será bem melhor.

O QUE DIZ A CIÊNCIA

A ciência tem provas objetivas e concretas de que não há o menor fundamento a justificar e a dividir pelo ódio ou rancor por um simples tom de pele. Reflita sobre o que já afirmou Albert Jacquard, integrante do Movimento Universal pela Responsabilidade Científica:

“Toda tentativa de justificação das desigualdades sociais apoiando-se sobre medidas como o ‘quociente intelectual’, ou conceitos tais como a hereditariedade, constitui uma utilização fraudulenta (falsa) dos dados da ciência.”

Jacquard, ecogeneticista francês, foi diretor de genética do Instituto Nacional de Estudos Demográficos [faleceu em Paris em 2013], autoridade categorizada para sustentar essa constatação, lançou uma magnífica luz sobre esse tema tão relevante, “revelando uma saudável abertura de espírito” para as mudanças que prevemos no início desta matéria:

“A nossa riqueza coletiva é constituída por nossa diversidade, ‘o outro’, indivíduo ou sociedade, é preciso para nós na medida em que é diferente de nós.”

Ele reproduziu oportunamente uma frase definitiva de Saint-Exupéry [autor do famoso livro O pequeno príncipe]:

“Se difiro [sou diferente] de ti, longe de te fazer mal, torno-te maior.”

Por tudo isso, é possível prever, sem datar, pois se trata da evolução de um processo de amadurecimento social e cultural, que o racismo será abandonado e em seu lugar entrarão valores que tornarão a sociedade humana mais livre, saudável e justa. Quem conhece as leis da Natureza em constante transformação em todo o Cosmos sabe que nada é para sempre [até mesmo o Sol]. Assim, cabe perguntar, por que não acabará o racismo que tanta dor e sofrimento causou para a humanidade e em nosso Brasil, que iniciou seu crescimento e autonomia nas mãos dos escravos trazidos à força da África e que inseriram no sangue da nossa história a beleza da raça negra? (Carlos Rossini, editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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