EDITORIAL – TEMER PEDE TRÉGUA DE TRÊS DIAS AOS CAMINHONEIROS; MAS A SITUAÇÃO É GRAVE

Desde que em julho de 2017, a Petrobrás decidiu acompanhar as variações do preço do petróleo no mercado internacional, a população brasileira começou a ser assaltada cada vez mais frequentemente com aumentos seguidos – seja nos preços do gás de cozinha, da gasolina e do óleo diesel utilizado pelos caminhões.

Mas, não ficou só nisso, resolveu também aumentar a carga tributária desses produtos. Resultado: o preço da gasolina no Brasil é a segunda mais cara do mundo, somente superado pelo que é cobrado na Noruega, um dos países mais civilizados do planeta e com uma economia livre de corrupção até onde se sabe. Lá a população tem ganhos e empregos suficientes para estar isenta do sofrimento que se verifica no Brasil.

É sabido que o Brasil produz um excesso de gasolina que vende a preço de banana, por exemplo, para a Bolívia.

Todos sabemos dos escândalos de corrupção que atingiram a Petrobrás, por isso é compreensível a indignação manifestada por um dos caminhoneiros que estão bloqueando as rodovias em vários estados do País: “Roubaram a Petrobrás e agora querem que nós paguemos por um crime que não cometemos.”

Os reflexos da paralisia que vai se estendendo pelas artérias por onde circulam as mercadorias que abastecem os consumidores brasileiros: falta de combustíveis nos postos, interrupção na produção de mercadorias perecíveis, desabastecimento, com reflexos em toda a cadeia econômica e de prestação de serviços.

Hoje, a movimentação dos caminhoneiros chega ao seu quarto dia e, aparentemente, conta com a compreensão do povo, já que a situação terá chegado a uma situação insuportável para esses profissionais que carregam a economia real nas costas e, de resto, pelo povo brasileiro sem emprego, sem renda e tendo que suportar um governo pífio.

Temer que detém o galardão de um dos presidentes mais desaprovados na história recente do Brasil tem também um governo desmoralizado por tudo que fez contra a nação, como a reforma trabalhista e a malograda reforma previdenciária.

Seu governo que nunca começou segue rumo a sepultura sem deixar a menor saudade. Ontem, o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, em entrevista coletiva, anunciou que a empresa havia determinado uma redução de 10% sobre o diesel nas refinarias que, segundo analistas, não atende aos reclamos dos caminhoneiros, atolados nos problemas financeiros. Parente pediu uma trégua de 15 dias aos profissionais da estrada para encontrar uma solução provisória.

Se a Petrobrás continuar mantendo a paridade de aumentos às oscilações do preço do petróleo no mercado mundial e o governo manter no céu os encargos tributários, não há solução à vista e o Brasil pode entrar numa rota demasiadamente perigosa, além de todo o sofrimento imposto à nação brasileira nos últimos e desastrados governos.

A situação é literalmente temível, pois estamos lidando com autoridades incompetentes e despreparadas para as funções que assumiram. Os rumos dos acontecimentos deste outono poderão dar origem a fatos que poderão surpreender até mesmo as criaturas mais otimistas. Mas, torcemos que surja uma luz, pois o Brasil oficial – como foi deixado à deriva para a corrupção – aparentemente não tem preparo e tampouco competência para superar uma crise desse porte de modo consistente e duradouro.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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