PERGUNTAS PARA ESPANTAR O FRIO E AQUECER O CORAÇÃO

Você, leitor, já teve a sensação de que em sua cidade ou em seu país nada funciona como devia? Já sentiu que tudo parece errado, desorganizado, aleatório, imprevisível? Que os fatos, aparentemente planejados, simplesmente acontecem como se fossem feitos para prender a atenção, encher sua cabeça, mas não necessariamente sejam para gerar conforto, bem-estar e servir a população?

Agora, inverta, o questionário. Você se sente seguro e confortável em sua cidade e em seu país? Acredita que as autoridades têm poder para resolver problemas, como supõem seus cargos? Crê que eles têm um dom especial, sobre humano, que os credenciam a merecer a confiança e a fé que a eles se atribuem?

Acha que a Justiça seja de fato cega e imparcial e, enfim, que seja verdadeiramente justa se invariavelmente está longe dos fatos acontecidos e que se orientam pelo que se lê nos papéis que formam um processo. Acha que os magistrados igualmente são portadores de poderes ultra-humanos em questão de sabedoria e que perdem o sono quando prolatam uma sentença?

Acredita que a sociedade em que você vive é justa, equânime e humana e que trata todos da mesma maneira e que divide os bens proporcionalmente aos seus entes? Acha que alguma entidade que tudo vê e que se interessa por fazer com que você seja uma criatura singular, especial e diferente de todas as demais.

Tem a sensação de que no futuro seus sonhos se realização e que receberá as benesses produzidas pela natureza e pelos artefatos humanos? Acredita que seu nascimento era esperado por toda a sociedade humana como algo numinoso e que em torno do seu berço vieram graciosas fadas lançar as mais sublimes graças sobre a sua vida?

Acredita que o bem sempre triunfa sobre o mal e que todos aqueles que fazem maldades contra os outros irão arder no enxofre do inferno, enquanto as pessoas bondosas curtirão a eternidade entre os anjos celestiais? Já percebeu como terminam todas as histórias humanas sem exceção? Viu isso na vida, nos livros, nas novelas, nos filmes? Acredita nas expressões…era uma vez….e foram felizes para sempre?

Acha que a humanidade está seguindo em direção a uma nova Idade do Ouro em que reinará a paz na Terra entre todos os homens e também entre as mulheres, não haverá mais guerras, nem ricos e pobres, nem doenças, nem fome, nem sofrimento, nem morte, nem inveja, nem egoísmo, nem falsidade, nem traição, nem mentira, nem ignorância, nem bestialidade, nem violência, nem violação, nem tortura, nem desrespeito, nem insegurança, nem medo, nem perguntas?

Na verdade, este escrito deveria tem outro começo e, portanto, seguir outro destino. Era para falar da vergonha das autoridades brasileiras, despreparadas para cumprir suas funções, não raro infames e pusilânimes, que tramam coisas longe do povo para se manter no poder, ainda que procurem fixar as aparências como colagens de peças invertidas e desencaixadas de um quebra cabeças que faz sentido [embora não o tenha nenhum] para aqueles que, por exaustão crônica, já perderam o senso de realidade.

Estas palavras são dedicadas a todos os artistas de Ibiúna e a todos os ibiunenses que desejam sentir-se livres para pensar e sonhar, como os aventureiros heroicos Dom Quixote de La Mancha e seu fiel escudeiro, Sancho Pança, criados pela pena genial do escritor espanhol Miguel de Cervantes. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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