BRASIL VIVE INTENSA CRISE DE DESAUTORIDADE EM ANO ELEITORAL

É tão grave, profunda e abrangente a degradação moral das autoridades brasileiras [nas mais diversas instâncias] neste momento da história do País que elas mais merecem o título de desautoridades. São cada vez mais abundantes em todas as esferas políticas as desautoridades.

O perfil básico da desautoridade inclui: falta de responsabilidade, incompetência, frieza emocional, omissão, manipulação, formação de grupos amorais, enriquecimento ilícito, desprezo pela população encoberto por posturas cínicas e falsas, dissimulações de toda ordem, e, não menos importante, botar a mão no dinheiro público impiedosamente. Há, certamente, exceções, pois devemos imaginar haver políticos honestos!

Autoridade é sinônimo de poder. O que faz diferente uma autoridade de outra é como exercem o poder. A palavra autoridade procede de auctoritas, que gera auctor, derivado de augere [agir]. Isso é tudo latim.

Então, e simplificando, autoridade é aquele que é autor, ou seja, o que age por si e seu principal papel é “fazer crescer” aquela que lidera, a população, ou os indivíduos que fazem parte da constelação social.

Em suma, a função da autoridade é criar condições para que os cidadãos possam descobrir sua total potencialidade e realização. É nesse sentido que se deve entender o “crescimento”. O líder tem a responsabilidade de promover o crescimento total do seu povo.

Quando a autoridade prevarica [não cumpre seu papel ou o distorce] ele se desautoriza perante o papel que lhe foi atribuído pelo voto. Vira uma desautoridade. Assim, perde seu prestígio público, credibilidade, seu poder de ordenar, decidir, se fazer obedecer por direito que lhe fora atribuído. Toda semelhança que ocorre neste momento com o governante federal não será mera coincidência! Mas esse fenômeno pode, neste momento, estar ocorrendo em outras instâncias governamentais no País.

Há vários tipos de autoridades, que vamos apenas citar aqui – utilitária, coercitiva, normativa e carismática – mediante os quais se mantém o poder. O que há de comum em todas elas, no entanto, é a obediência ao que está legalmente estabelecido.

O abuso de autoridade consiste no uso excessivo, injusto, inadequado, ou impróprio de algo ou alguém e deve ser condenado universalmente, embora exista em todo o mundo e historicamente em nosso vasto Brasil.

O poder carismático consiste num conjunto de qualidades que tornam um indivíduo quase uma figura sobrenatural e que é vincada por uma forte crença em seus valores que são seguidos por muitos. No Brasil contemporâneo não existe político carismático, capaz de atrair o interesse emocional esmagador da população.

Lula chegou perto disso, mas acabou destruindo essa identidade para muitos. Será sempre um candidato “perigoso” com a fidelidade e a confiança que adquiriu até mesmo com as classes ricas e dominantes do País, que foram beneficiadas em seus dois mandatos.

Enfim, é preciso dizer que se há desautoridades, estas existem porque são produzidas pelo voto popular que se deixa iludir por promessas enganosas e parece cegar diante de outras futuras desautoridades que vão eleger.

Resta dizer que há motivos para recear a tendência do voto popular nas eleições de outubro, pois está sujeito a ilusões, promessas e encantamentos duvidosos. E os candidatos, como se sabe, procuram tirar o melhor proveito dessa ingenuidade e inocência de fácil sedução. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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