MARIA DA PENHA – 12 DEPOIS, MACHÕES PERVERSOS CONTINUAM A TORTURAR E MATAR MULHERES

A Lei Maria da Penha, que completa hoje (7) doze anos [embora tenha entrado em vigor no dia 22 de setembro de 2006] foi considerada pela Organização das Nações Unidas – ONU uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência contra a mulher.

Além disso, e de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, terá contribuído em cerca de 10% na redução de homicídios provocados contra as mulheres dentro de suas residências.

Mas neste triste país dos trópicos, a violência contra a mulher que acaba morta – como aconteceu recentemente no município de Guarapuava, no Estado do Paraná, quando um homem a espancou brutal e covardemente e a teria jogado [fato que ainda depende da conclusão final da investigação policial] é classificado como feminicídio [assassinato de mulher] – continua em livre curso em todo o país.

Todos os dias mulheres são brutalizadas, subjugadas e mortas num Brasil de machões psicopatas, egoístas, prepotentes, como se elas fossem suas propriedades-escravas a serviço de seus desejos ilimitados e bestiais. São homens desiquilibrados, “infantilizados” e narcisistas que as têm como seus objetos para satisfação dos seus desejos não raro perversos como se sentissem prazer em provocar sofrimento até a morte, como tem ocorrido com uma frequência cada vez maior.

Uma em cada cinco mulheres é vítima de violência no Brasil. Na linha 180 a estatística é pavorosa: registra-se uma denúncia a cada sete minutos em todo o País. Quando uma mulher resolve denunciar que está sendo vítima de assédio, sofre violência em dobro.

Esse comportamento pervertido de uma massa de homens bestas-feras, muitos dos quais vivem explorando aquelas que um dia seduziram com palavras e gestos “românticos”, pinta de vinho tinto de sangue a bandeira nacional, ainda que a vejamos apenas pelas cores tradicionais do verde-amarelo. É preciso sublinhar isso: há sangue oculto no pavilhão do Brasil saído das artérias dos rostos, braços, peitos, pernas, narizes, bocas. E é preciso dar um basta a essa criminalidade covarde.

A cultura brasileira sempre foi paradoxal quando se refere a leis. Elas até podem existir mas na teoria, pois na prática diária, real, é descumprida sem o menor pudor. Ainda há poucos dias noticiamos aqui a prisão de um indivíduo que cortou com facão as mãos e furou o olho de uma mulher no município de Ibiúna. Nada pode justificar tamanha crueldade e, é triste admitir, que um cafajeste desse ainda possa um dia ser beneficiado com saidinha do Dia das Mães ou ficar pouco tempo atrás das grades.

Já ouvimos tantas vezes que esses sanguinários acabam desrespeitando a distância de sua vítima estabelecida por ordem judicial para exatamente cumprir seu diabólico desejo de matá-la, por não suportarem perder seu domínio absoluto diante da mulher que o deixou, exatamente por ser tratada com violência extrema, como um objeto qualquer.

Mulheres do Brasil, uni-vos, contra canalhas ou pobres diabos incapazes de serem homens de verdade. Homens sãos apoiem essa causa. (C.R.)

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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