BRASILEIROS VÃO ELEGER PRESIDENTE EM MEIO A UMA CRISE MORAL SEM PRECEDENTES

O país inteiro tem apenas duas alternativas eleitorais para a Presidência da República: Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Ambos são frutos ou reflexos da maior crise moral de tamanha proporção já vista no Brasil. Desafortunadamente, provocam graves incertezas e preocupações quanto ao rumo que tomará o país, sendo um ou o outro eleito em segundo turno, no dia 28 próximo.

Os fatos noticiados em relação às falas, gestos e atitudes dos dois postulantes, numa orquestração acompanhada por milhões, mostram isso cabalmente: podíamos ter melhor sorte como eleitores e patriotas. Não que os demais candidatos que ficaram encalhados no primeiro turno fossem a salvação da pátria, tal o estado de miserabilidade ética que assola o país impiedosamente.

Nenhum deles merecia nota 10 ou o reconhecimento efetivo de seus atributos de que estariam preparados para encarar os imensos desafios de toda a ordem, complexidade e grandeza com a vontade e potência de um titã. O que nos restou como escolha, no entanto, não foi o melhor, tampouco o razoável, mas o que saqueou o que resta da lamentável falta de memória e de educação política da maior parcela população brasileira.

Me sentiria culpado tanto votando em um quanto no outro, exatamente por pressentir a aridez da corrosão moral que conduziu multidões para o desespero e o temor generalizado de um lado, e da falta de credibilidade, reputação e de esperança em torno da inteligência dos muitos brasileiros, entre os quais se encontram mentes privilegiadas, lúcidas, éticas, responsáveis, que podem ser comparadas ao que há de melhor no mundo.

Ambos não me representam e, quero crer, não representam os cidadãos que sonham com um Brasil elevado à categoria de nação de primeiro mundo e não, como está, entre os primeiros em violência homicida, desemprego, doenças e maus serviços de saúde, educação capenga e, claro, campeão mundial na olimpíada da corrupção.

Nunca, em proporção, houve tanta violação aos bons costumes, e do dístico funcionalista que se lê no pavilhão nacional: ordem e progresso. O que se vê por todo o lado é desordem, descontrole, irresponsabilidade por parte das autoridades e instituições públicas [nunca foram tão desacreditadas, incluindo a Justiça] e retrocesso socioeconômico.

Nenhum dos candidatos, mesmo os que ficaram no primeiro turno, apresentou um plano de governo claro, coerente, fundamentado, consequente e compreensível, além das firulas, muitas das quais jamais poderiam ser levadas a sério, para enganar os incautos.

Mal servidos de candidatos qualitativamente respeitáveis, resta ao povo brasileiro a aventura de obedecer “ordenamentos” cabotinos, que procuram chamar a atenção de qualquer forma com argumentos e gestos públicos falsificados, como, aliás, é típico de políticos que descobriram que, num país como o nosso, qualquer canastrão pode ser governante.

Basta ser cara de pau, caradura, cínico, ter um partido até raquítico, amealhar muita grana e outros tipos de apoio, sobretudo de empresários que visam lucrar com o apoiado vencedor [lembram-se da Lava Jato?], para fazer girar a roda da fortuna para o azar daqueles que creem nas promessas e mentiras de campanha eleitoral.

Se houvesse uma luz no fim do túnel, expressão que se usa para o sentimento de esperança de que as coisas vão melhorar, ainda arriscaria dar palpites. Essa luz, para os brasileiros, foi prometida em pleitos anteriores, mas, pelo andamento da carruagem, é provável que não haver túnel algum. Por fim, anuncio meu sincero desejo de que meus argumentos estejam equivocados, porque amo meu País e seu povo! (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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