É PRECISO AMAR – PODE NÃO PARECER, MAS ESTE É UM CONTO DE NATAL

É fácil matar uma baratinha que você vê correndo na parede de sua casa, assim como esmagar uma formiga sob seu pé, ou inseto, quase invisível, que faz a travessia na tela do seu computador, com a ponta do dedo.

Difícil  talvez ter consciência e respeito por essas vidinhas e deixá-las seguir em sua jornada seja lá qual for seu destino.

É incrível a graciosidade dessas criaturas minúsculas, com seus olhinhos brilhantes e perninhas ligeiras, quando se movimentam sobre uma superfície repleta de obstáculos proporcionalmente imensos que surgem em suas jornadas.

Imagine, então, em relação a nós, figuras gigantescas! Talvez nem possamos ser vistos como somos integralmente, assim como não conseguimos ver Deus em sua infinita grandiosidade.

Essa perspectiva respeitosa pode ser, por natureza, ingênua e delicada, se considerarmos que o homem é o maior predador sobre a face da Terra e o animal mais perigoso da Natureza.

Aos poucos, está destruindo cada vez mais o Planeta, sua casa cósmica, as águas oceânicas e interiores, a flora e a fauna, seja para se sentir poderoso e imortal ou para alimentar-se com as mui variadas espécies animais.

Ao longo da História se afastou de Deus e da Natureza e se autonomeou super-homem, senhor absoluto de tudo o que existe, incluindo os demais homens que impiedosamente dominam e subjugam de acordo com seus interesses e ambições.

Quando percebeu que poderia acumular riquezas ilimitadamente, inventou um novo sistema de dominação que torna vassala a maioria da humanidade. Inventou teorias e ideologias para assegurar seus domínios sob controle, depois de caçar aos milhares na África e submetê-los ao trabalho escravo nas Américas ou em seus próprios territórios espalhados pela superfície dos continentes.

Até mesmo as religiões cumpriram o papel para resignar, amansar e consolar aqueles que sonhavam com a liberdade mas que, como insetos, foram agrilhoados, torturados e mortos impiedosamente.

Só os servis notórios e produtivos eram conservados, enquanto muitas mulheres jovens e bonitas serviam, por meio de estupros, aos prazeres de alguns senhores proprietários de fazendas de algodão, cana e café, e para iniciação dos seus herdeiros.

Sob novas películas ideológicas, os poderosos sofisticaram a escravidão nas mais variadas formas de trabalho convenientes ao sistema econômico em que muitos dos seus protagonistas se utilizam da barbárie e da selvageria para manter sua soberania desumanizante.

Os engodos modernos atendem por variados nomes, como mansões, ilhas particulares, carrões e um conjunto de objetos, incluindo bebidas e alimentos refinados, com garantia de procedência, viagens pelo mundo e orgias em lugares luxuosos, reservados e inacessíveis até mesmo aos paparazzi mais atrevidos.

O dinheiro tem poder até de comprar consciências vacilantes, pois no mundo tudo virou mercadoria, como os corpos das mulheres ou drogas capazes de fazer alguns se sentirem deuses, ainda que por breves momentos, em viagens não raro brindadas com vômitos incontroláveis.

Assim, os poderosos criam a ilusão para si próprios de estarem acima do bem e do mal e até mesmo da morte, esta sim inexorável e que devolve todos ao pó indistintamente.

Talvez por agirmos sem antes pensar e de forma automática, seja fácil matar pequenos e indefesos seres, como baratas e formigas, e mesmo matar seres humanos de muitas formas, todas impiedosas e desumanas em troca de algum ganho. Ou, quem sabe, como sensação de poder em um mundo impregnado de violências, que muitos preferem não enxergar ou manter-se na ilusão de que vivem em segurança em seus mundinhos particulares.

Por tudo isso, buscamos um Aleph, uma pequeno ponto de luz de esperança, fraternidade e solidariedade humanas. Por isso, o nascimento de Cristo, e as lições de amor a si mesmo e ao próximo, que nos ensinou, são tão significativas e urgentes para toda a humanidade.

Por isso, cada Natal se apresenta como uma nova oportunidade para que o amor floresça nos corações dos homens e promova paz e harmonia para a vida real de cada dia. Feliz Natal! (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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