DIA DA MULHER – 16 MILHÕES DE MULHERES FORAM VÍTIMAS DE ALGUM TIPO DE VIOLÊNCIA NO BRASIL EM 2018

As autoridades dos Três Poderes deveriam neste 8 de Março, Dia da Mulher, pedir perdão às mulheres brasileiras por sua incompetência em evitar ou, ao menos reduzir drasticamente, a brutal violência à que são submetidas todos os dias sob o jugo bestial de homens perversos.

Depois dessa atitude, deveriam, imediatamente, adotar medidas abrangentes, severas, efetivas e realistas, a fim de cumprir a obrigação constitucional do estado de garantir a segurança e a vida das mulheres brasileiras de todas as idades e condições sociais.

O relatório divulgado no dia 26 de fevereiro pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP, uma instituição sem fins lucrativos com sede no bairro de Pinheiros em São Paulo, apresenta número alarmantes.

Em 2018, 27,4% das brasileiras, ou 16 milhões de mulheres, sofreram algum tipo de violência ou agressão, ou seja, 1.830 vítimas por hora. Cerca de 80% dessas agressões foram praticadas por um conhecido, cônjuge, ex-companheiro e até vizinho, das quais 40% aconteceram dentro do próprio lar.

Menos da metade das mulheres procuraram algum tipo de ajuda para a violência sofrida e 52% decidiram não formalizar denúncia às autoridades policiais, muitas por temerem ser mortas ou sofrerem ataques ainda mais violentos.

Do total de vítimas classificadas, 4,6 milhões sofreram agressões tipo batidão, empurrão ou chute, enquanto 53% das 16 milhões referidas foram vítimas de qualquer tipo, incluindo uso de objetos como facas,  estrangulamentos, espancamentos impiedosos, jogadas de prédios, etc.

Muitas dessas crueldades foram testemunhadas ou ouvidas, em 59% dos casos, mas as pessoas não tomaram nenhuma atitude para impedir as agressões.

O Relatório “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, assinado pela FBSP, é um eloquente testemunho de que o governo deve enfrentar esse monstro destrutivo de forma clara, corajosa, transparente, sem perda de tempo.

O ministro Sérgio Fernando Moro, da Justiça e Segurança Pública do Brasil, famoso do escândalo da Lava Jato, deve chamar para si esse desafio desde já para que se evitem tanto sofrimento e mortes de mulheres.

PODER PÚBLICO

Em entrevista ao UOL, a diretora-executiva do FBSP, Samira Bueno, esclareceu que o objetivo do estudo é produzir dados de qualidade sobre o tema, que permita elaborar intervenções públicas efetivas no combate à violência contra a mulher.

Bueno realça que devido à subnotificação dos casos, os registros oficiais do Estado não dão conta da dimensão do problema. E arremata:

“Queremos dar visibilidade para esses tipos de violência contra as mulheres que o poder público não consegue captar com as suas classificações.”

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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