“FAKE NEWS” – NOTÍCIAS FALSAS FALSIFICAM A VIDA

Nós, brasileiros, temos vivido imersos num tremendo clima de falsidade cotidiana e, com isso, sentimos dissipar-se no ar o que poderia constituir um sentimento de identidade patriótica, que não pode ser imposta e sim acolhida.

Com razões históricas de sobra, desconfiamos das intenções e também dos atos dos políticos investidos em cargos públicos em todas as esferas.

Um suposto, desejado e necessário arcabouço ético e moral como paradigma da nação brasileira, para inspirar comportamentos minimamente confiáveis, parece estar tão distante de nós quanto uma estrela da Terra, no sentido de ser intangível.

De uma larga parcela da população – principalmente pertencente aos mais desprovidos de educação, cultura, poder econômico, justiça, segurança, habitação, serviços de saúde, abastecimento de água potável e rede de esgoto, entre os quais se incluem agudamente milhões de desempregados, etc. – o que se pode esperar senão o desespero, loucura e transtornos mentais crônicos.

São milhões de indivíduos cada vez mais dependentes de drogas lícitas e ilícitas consumidas para produzir contínuos estados de torpor já que manter a sensibilidade cobra um preço demasiado em forma de ansiedades, angústias, depressões ou atitudes violentas que irrompem quando menos se espera.

Uma análise atenta das manifestações e postagens nas redes sociais permite um fácil diagnóstico de patologia social, que gerou uma série de tsunamis de falsidades e tentativas de manipulações de mentes sugestionáveis porque não conseguem estabelecer uma opinião autônoma diante dos fatos da vida real.

As fake news [notícias falsas) se tornaram um ignominioso hábito utilizado torrencialmente em uma das mídias [Internet] mais inteligentes já criadas pelo Homem em toda a História. Não estamos sendo merecedores da tecnologia que tem tudo para facilitar nossas relações e é pessimamente utilizada com uma frequência assustadora.

Já produzimos e consumimos fake news de forma tão habitual que teremos nos tornado fake lifes [vidas falsas] ou seja, além das notícias falsas nos tornamos vidas falsas, absorvendo mentiras como se verdades fossem manjares reservados apenas por uma minoria privilegiada.

Na vida real temos também falsificações de toda ordem: de alimentos, bebidas, medicamentos, planos de saúde que negam tratamentos, roupas, sapatos, cigarros, combustíveis, peças, agrotóxicos, rações, azeites, governos, políticos, médicos, policiais, pastores, juízes, maquiagens, perucas, palavras, frases, pensamentos, discursos, etc.

Nesse nefasto processo estamos pagando um preço alto demais, com a perda da nossa consciência, o maior dos atributos da vida, com nossa forma superficial e mecânica de pensar, de desconfiar, temer e odiar os outros e, sobretudo, de não nos conhecermos por virar às costas por medo de enxergarmos o que se passa no lado sombrio de nossas mentes.

Aparentemente não importa se um indivíduo é otimista, pessimista ou realista, se não puder viver a própria vida, com confiança em si e respeito ao próximo. (Carlos Rossini é editor de vitrine online

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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