HORA DA VERDADE – BRASIL ENTRE O SONHO E A DURA REALIDADE

A reação abrupta de uma leitora nos fez perceber que um veículo de comunicação tem funções que excedem ao que dele se espera habitualmente: informar, entreter, opinar.

No caso específico, inesperadamente discordou do que leu num artigo que fazia comentários sobre os primeiros três meses do governo Bolsonaro.

Argumentou que havia exigências demasiadas por um período tão breve do mandato do Executivo federal e assim, sem mais nem menos, anunciou que deixaria de seguir a publicação.

Nem deu tempo para ler os argumentos contrapostos, pois se acreditava que pudesse ter feito uma interpretação superficial ou julgado de forma automática. Enfim… foi taxativa em sua decisão.

Foi aí que percebemos que o que se publica pode provocar as reações mais insólitas e surpreendentes, dependendo da predisposição mental dos indivíduos.

Em suma, parece que para muitos leitores as diversas mídias cumprem a função de catarse, uma palavra de natureza psicanalítica, que significa “experimentar a liberdade em relação a alguma situação opressiva”.

Para uma parcela considerável da população é “inaceitável” dirigir qualquer tipo de crítica ao atual governante do País, quando se trata exatamente de contribuir para informá-lo, despertá-lo, em relação a aspectos da realidade que precisam ser vistos sob uma nova luz.

Ninguém nasce presidente da República do ponto de vista das práticas políticas e não é a mesma coisa que ser parlamentar. É preciso ser ágil na humildade e na aprendizagem no campo das relações com os outros poderes.

Por óbvio, não estamos incluindo nesse argumento más intenções perpetradas por interessados em promover, por interesses escusos, a corrosão de um mandato incipiente.

Criticar não é falar mal, mas uma atividade que visa examinar e avaliar minuciosamente uma situação dada. Esse procedimento é universal e se aplica em todos os campos do conhecimento e práticas humanos, como a produção artística, os costumes, a política, a gestão das coisas públicas, etc.

De fato, quem acompanha o noticiário da grande mídia, percebe claramente uma situação de mal-estar na orquestração sob a batuta do novo maestro do Brasil, devido tanto à desarmonia entre instrumentos desafinados e destoamentos escancarados.

Esses eventos ocorrem entre o sonho de um novo e prometido Brasil e a dura realidade que insiste em seguir outro rumo e, igualmente, estamos falando das necessidades reais de milhões de brasileiros.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE anunciou hoje que o desemprego no País subiu, em fevereiro, para 12,4%, o que significa uma massa de 13,1 milhões de desempregados, e acréscimo de 7,3% em relação ao trimestre anterior.

Se multiplicarmos pelo número de pessoas, incluindo os dependentes dos desempregados, chegaremos a um número do desespero superior à população de diversos países.

Lógico, não se pode atribuir esse resultado ao novo presidente do Brasil. Mas é preciso que problemas dessa natureza, reflexos da diminuição da atividade econômica e introdução de sistemas de automatização, sejam tratados vigorosamente, além da dedicação que se empenha em relação à Reforma da Previdência, a primeira âncora política do novo presidente lançada no Congresso Nacional.

Repete-se, para quem tem boa memória, a história de sempre: mais uma vez se preveem tempos de sacrifícios para a população brasileira, quando se sabe que grandes empresas e bancos devem centenas de bilhões de reais à receita federal e que deveriam ser cobradas, agindo-se, assim, de maneira mais justa e respeitosa com a sociedade brasileira. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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