IBIÚNA – DEGRADAÇÃO DA CAPELINHA DO BOM JESUS DA PRISÃO CHOCA PARTICIPANTES DE VIGÍLIA

Cerca de sessenta pesssoas compareceram na última sexta-feira (10), às 20 horas, diante da Capela Bom Jesus da Prisão, para realizar uma vigília.

Alguns participantes da vigília, ao abrirem a porta da capelinha para ligar algumas tomadas para os aparelhos de som e acender luzes, ficaram chocados com o que viram: um cenário de abandono e destruição de um dos patrimônios históricos mais importantes do município.

O estado do interior da capelinha e do seu altar se encontra tão deplorável que a missa foi oficiada do lado de fora com um altar improvisado diante da porta que permaneceu aberta permitindo vislumbrar seu interior deteriorado. A vigília durou cinco horas, a partir das 20 horas.

Um religioso gravou um vídeo mostrando o interior da pequena igreja e postou nas redes sociais, provocando reações de tristezas e de descrédito com a memória abandonada de uma cidade.

“Dói o coração”, “Dói de ver”, “São Sebastião, rogai por nós”. “Lamentável”, foram algumas das expressões usadas por ibiunenses diante das imagens vistas.

PATRIMÔNIO CULTURAL

A capela Bom Jesus da Prisão está situada no alto de uma colina e é tão importante que foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico – Condephaat, vinculado à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, a quem cabe sua conservação. Para tanto, as autoridades municipais devem acionar aquele organismo ou tomar para si a sua manutenção, mediante autorização, já que o objetivo é conservar o patrimônio da melhor forma possível. A Igreja que tem a guarda da capelinha igualmente poderia agir no sentido de preservá-la seja contatando a prefeitura e/0u o próprio Condephaat.

Vale lembrar que Ibiúna é uma estância turística e a capelinha é naturalmente um ponto de atração de visitantes, desde que preparada e preservada para essa finalidade.

 A imagem do Bom Jesus da Prisão veio da cidade do Porto, em Portugal, em 1884, trazida por Manoel Joaquim Neves Júnior, descendente de portugueses. A capela ainda de madeira foi construída em terreno doado por Galdino Raymundo Carmelo, também descendente de portugueses, em 1875.

Em 1925, Feliciano Abib, de nacionalidade sírio-libanesa, iniciou uma campanha para a construção do prédio da capelinha. A construção ficou a cargo do pedreiro e construtor João Silvestre, italiano de nascimento.

A Capelinha do Bom Jesus da Prisão foi inaugurada no dia 29 de agosto de 1928, em homenagem aos 117 anos de fundação da Freguesia de Una pelo capitão Salvador Leonardo Rolim de Oliveira. Portanto, a Capelinha torna-se um templo religioso de cunho internacional.

As árvores ali existentes foram uma contribuição da colônia japonesa. Dada a sua importância, foi estampada em bilhetes da Loteria Federal. E também o único bem tombado para fazer parte do patrimônio histórico e cultural da Estância Turística de Ibiúna. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Nota da Redação: as fontes que forneceram informações utilizadas nesta matéria entraram em contato com a Redação e solicitaram que nomes fossem suprimidos. A Redação atendeu ao pedido.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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