PREFEITURA PROÍBE USO DE AMBULÂNCIA APÓS MEIA-NOITE EM BAIRROS DISTANTES MAIS DO QUE 15 KM

Um documento interno emitido pela Secretaria Municipal da Saúde e afixado num quadro em frente à sala do Pronto-Socorro do Hospital Municipal de Ibiúna adverte os funcionários de que haverá socorro a pacientes com o uso de ambulância somente até à meia-noite, em lugares situados a mais do que quinze quilômetros do hospital. “Se for mais do que 15 (quinze) km só até 00:00. Para segurança do motorista”, diz o texto original.

No total, o comunicado é composto seis itens. O primeiro deles também chama a atenção por se subentender que havia uma prática a ser coibida: “Fica proibido o uso de ambulâncias para levar e buscar funcionário.”.

A proibição de atender a quem pede socorro e mora a mais do que quinze quilômetros do centro da cidade depois da meia-noite – e são muitos os bairros que se enquadram nessa condição, o município tem 1.056 km2 – gera um absurdo inusitado porque discrimina cidadãos no campo da saúde como dependentes de distâncias geográficas para serem atendidos e se fere nitidamente o direito de igualdade de todos aos mesmos serviços públicos.

A justificativa anunciada é insustentável. Que diferença existe entre o risco provável do motorista da ambulância e um cidadão que sente um mal súbito ou precisa de um resgate urgente?

Além disso, em vez de buscar a solução mais fácil e cômoda, porque a Secretaria Municipal da Saúde não entra em contato com o comando da Guarda Civil Municipal para, trabalhando em cooperação e pelo bem dos munícipes, se mantenha uma equipe de policiais para acompanhar as ambulâncias que tiverem que se dirigir aos bairros que se localizam além dos quinze quilômetros, como define o comunicado.

Quando em recente editorial a revista vitrine online sugeriu que o atual prefeito deveria mostrar a que veio, incluía diversos fatos e o modus operandi da administração, isso foi feito depois de observar durante seis meses seguidos as ações da prefeitura. Impedir uma decisão absurda como a tomada pelo setor de saúde não exige dinheiro algum, somente atitude administrativa coerente e um comando sobre o espírito governante que continua nos parecendo ainda não deu o ar se sua graça. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.