DIA DA MULHER – POR QUE O HOMEM INSISTE EM SUBJUGÁ-LA
Todo mundo sabe que sem a mulher a humanidade não existiria. Então, por que historicamente a mulher sofre tanto sob o manto da sociedade patriarcal e machista, sendo tratada como ser inferior perante o homem?
Essa realidade vem de longe, do começo dos tempos, quando Adão foi criado e de sua costela a mulher teria sido gerada. Por que não se deu o contrário? Por que não terá sido primeiro a mulher a ser criada e dela se originar o homem como de fato é a realidade natural?
Isso diz respeito à tradição judaico-cristã, mas no mundo muçulmano ocorre a mesma situação por meio de severos códigos de conduta que penalizam a mulher de modo extremamente cruel. Tanto na cultura ocidental como na oriental, a mulher é tratada como propriedade, objeto de uso, sob o jugo ignóbil do homem.
Como se pode deduzir, alguma coisa está errada desde o início e depois prossegue de forma injusta e cruel até a atualidade, impregnada na cultura machista de tal forma como se fosse normal maltratar, subjugar e matar mulheres simplesmente por serem mulheres, que se fez criar no Brasil o neologismo feminicídio.
Na verdade, a forma como muitos homens tratam as mulheres é uma estupidez desumana praticada por homens-feras, que se acham no direito de fazer o que bem entendem sobre o corpo e a mente feminina. Trata-se de uma tragédia humana que precisa ter fim, como a ignorância que a sustenta.
O estudo divulgado no dia 5 último pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – Pnud revelou que cerca de 90% da população mundial tem algum tipo de preconceito contra mulheres.
O documento aponta que o preconceito contra mulheres persiste em todo o mundo, tanto entre homens como entre as mulheres.
A pesquisa do Pnud foi realizada em 75 países e territórios e observou que 90,6% dos homens e 86,1% das mulheres mostraram ter ao menos um preconceito claro na questão da igualdade de gêneros, em setores como política, economia, educação, violência doméstica e direitos reprodutivos das mulheres.
Saiba mais: cerca de 50% da população considera que os homens são melhores líderes políticos do que as mulheres, e mais de 40% acham que os homens são melhores diretores de empresa.
Em termos objetivos, as mulheres travam há décadas uma luta considerável para terem a mesma remuneração quando ocupam cargos equivalentes aos dos homens, além de serem respeitadas enquanto profissionais. Mas o preconceito é desolador: pelo menos 28% dos consultados consideram justo que um homem bata em sua esposa.
O estudo revelou ainda que os brasileiros se revelaram mais preconceituosos na questão da integridade física da mulher, na qual o percentual chega a 77,95%. Isso inclui a violência doméstica e os direitos reprodutivos. A propósito, no Brasil uma mulher morre a cada 7 horas por crimes considerados como feminicídios.
Então, entendemos que o Dia Internacional da Mulher que se celebra neste domingo (8) merece a mais profunda reflexão sobre o andamento da carruagem humana. Não é aceitável que a mulher continue a ser tratada com preconceito e todas as formas de violência, dentro e fora do lar.
Não é verdade que a mulher é inferior ao homem. Isto faz parte da forma como o macho antropológico se apropriou do poder e dele fez uso para se perpetuar como uma espécie de deuses inferiores e injustos por princípio.
Mas há boas razões para acreditar que as mulheres ganham terreno em suas conquistas de liberdade, enquanto os homens possivelmente estejam vivendo um crepúsculo lento, gradual, mas contínuo. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)