IBIÚNA [16 DE NOVEMBRO DE 2020] – O PREFEITO ELEITO É…

Tenho ouvido dezenas de eleitores ibiunenses, tipo olho no olho, atento às suas expressões verbais e gestuais espontâneas, em relação à eleição para prefeito do município daqui a vinte e nove dias.

Meus contatos incluem moradores do centro da cidade e de dezenas de bairros e, portanto, revelam ou indicam dados representativos da voz do povo.

Ouço de pessoas comentários fundamentados no bom senso, na lucidez e na experiência de vida, por exemplo, de indivíduos com idade longeva, que testemunham há décadas a vida política municipal.

Impressiona-me a univocidade de maneira de ver, como se todos estivessem tendo a mesma percepção dos fatos e formado uma opinião combinada em massa. É, com certo exagero, uma espécie de consenso em torno de vontades políticas similares.

Como se fôssemos tirando camada por camada de uma cebola em direção ao seu núcleo, a cada dia se percebe que o senso crítico da população ibiunense, mesmo em pessoas simples, em relação aos políticos que disputam o cargo de chefe do Executivo, evoluiu notoriamente.

Provavelmente, trata-se de um reflexo direto da observação dos fatos de natureza pública e também da imensa camada de informações que circulam tanto na grande mídia mas, principalmente, nas redes sociais exatamente por meio das quais os candidatos estão se apresentando ao eleitorado cada qual à sua maneira. Vale lembrar que comunicação não é aquilo que a pessoa diz e como diz, mas como é compreendido pelos outros o que ela diz e como diz.

Faço um parêntese aqui para assinalar a análise política feita pelo psicanalista Rubem Alves. Segundo ele, há dois tipos de políticos: “os que se oferecem aos olhos do povo e os que oferecem novos olhos ao povo”. Aparentemente, aqueles que integram o primeiro grupo [“que se oferecem aos olhos do povo”] são maioria absoluta. No entanto, é muito provável que os eleitores adquiriram novos olhos para enfrentar uma realidade muitas vezes frustrantes.

Dito isto, volto ao que minhas caminhadas pelas ruas da cidade me fazem ver. Podia-se supor que houvesse uma decepção em relação aos políticos já “experimentados”, mas há mais do que isso, uma explícita sensação de “revolta” com o andamento da carruagem. Alguém chegou a comentar numa postagem o que intitulou de “voto bloqueio”, um modo metafórico de devolver ações dessa envergadura política. Esse sentimento se verifica também entre moradores em São Paulo e que possuem propriedades no município.

Basta iniciar uma conversa para receber, como recíproca, declarações que não convêm ser mencionadas neste momento.

Isso tudo acontece enquanto os candidatos estão de olhos nos resultados de pesquisas mensais de intenção de voto, elaboradas por institutos e que desidratam esperanças ou agitam o sistema nervoso central dos protagonistas dessa jornada política.

O que está dentro dos corações e das mentes dos eleitores ibiunenses, que estamos procurando descobrir, no entanto, será revelado horas depois de encerrada a eleição, no dia 16 de novembro. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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