PREFEITO DE SOROCABA PEDE INTERVENÇÃO NA REPRESA ITURARARANGA; SOS CONTESTA

Em nota encaminhada hoje a vitrine online, a SOS Itupararanga contesta a fala alarmista do prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, durante coletiva de imprensa realizada ontem (17), em seu gabinete.

Manga declarou que a vazão da represa Itupararanga aumentou de 4 m3 para 16 m3, depois do dia 9, e que esse fato, “bastando uma chuvinha” a mais [na calha do rio Sorocaba] pode provocar inundação tanto em Sorocaba quanto em Votorantim, colocando em risco a população dessas regiões.

O prefeito disse ainda que pediu à empresa concessionária da Itupararanga (CBA) que voltasse a vazão para 4m3, a fim de evitar a ocorrência um descontrole da situação.

Como não foi atendido em sua reivindicação, Manga declarou que, em contato com o governador interino de São Paulo, Felício Ramuth, pediu a intervenção do governo estadual na represa [leia-se CBA – Companhia Brasileira de Alumínio] e o estabelecimento de um plano de emergência monitorado hora a hora para manter a situação do vazadouro sob controle.

Afirmou ainda que “de modo algum” vai permitir que Sorocaba e Votorantim venham a sofrer inundações. “Nós vamos agir antes”.

A menção ao dia 9 deste mês feita pelo chefe do Executivo sorocabano diz respeito à primeira reunião do ano entre representantes da CBA e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê, que integra o Comitê da Crise Hídrica (CG-CH), que vem monitorando a situação da represa desde 2021.

NOTA DA SOS ITUPARARANGA

Em nota encaminhada pela SOS Itupararanga a vitrine online, a entidade informa que avaliará os dados anunciados pelo prefeito de Sorocaba, comunicará a população dados oficiais. Diz ainda que um plano foi traçado pelo comitê da bacia hidrográfica, em decorrência do aumento do volume das chuvas, para que haja  “vazão de maneira escalonada e controlada para gerenciar este período de cheias”. Eis a nota, na íntegra:

“Desde que a falta de chuvas motivou a preocupação da comunidade regional em 2021, foi instituído no âmbito do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê, o Grupo de Trabalho Crise Hídrica (GT-CH) para a elaboração de estratégias para a gestão do reservatório, de modo a garantir os múltiplos usos da água da represa, em especial, o abastecimento da população.

Este GT reúne técnicos das prefeituras e de órgãos estaduais, empresas responsáveis pelo abastecimento público, pesquisadores, universidades, CBA e  representantes da sociedade civil, como o caso da SOS Itupararanga.

A SOS Itupararanga acompanha as reuniões, onde são apresentados dados, informações corretas, análises feitas por profissionais com carreira especializada na área, ou seja, por uma equipe de inteligência que monitora e prevê a situação da represa de forma permanente para que se mantenham normalizadas a geração de energia, a preservação da represa e água disponível para consumo da população

Em sua primeira reunião do ano, no dia 09/01, – encontros estes que são feitos quinzenalmente -, o grupo tornou públicos os dados atuais da represa, que chegou a 53,28 % de seu volume neste início de janeiro.

Com a previsão de mais chuvas, a previsão era de que realmente as águas chegariam à soleira e passariam a verter pelos arcos da barragem. Com estas condições, a represa perde sua capacidade de armazenamento, de modo que toda a vazão que entrar será equivalente à vazão que sairá do reservatório. Diante disso, um plano foi traçado para que se aumentasse a vazão de maneira escalonada e controlada para gerenciar este período de cheias.

Por isso, a SOS Itupararanga desconhece as informações passadas durante a entrevista coletiva concedida  pelo prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, a respeito da situação da represa. As informações divulgadas pelo chefe do executivo não correspondem com as informações oficiais que recebemos.

Assim, estamos buscando mais informações para entender como e de onde vieram estes dados, e assim, nos pronunciarmos à população com dados oficiais.”

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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