ANSIEDADE – A RELAÇÃO ENTRE O AGORA E O DEPOIS

Em algum momento da vida qualquer pessoa estará sujeita a se sentir ansiosa. Isso deve acontecer até mesmo com um bebê antes de encontrar a auréola da mãe para sugar o leite.

Imagina alguém que espera um diagnóstico médico importante, uma resposta de emprego, que um filho ou filha distante atenda ao telefonema. Poderia desfiar aqui um rosário de casos e mesmo assim não completaria as possibilidades que nos envolvem em situações às vezes muito desconfortáveis.

Nesta breve reflexão, quero compartilhar com você, leitor ou leitora, a minha concepção de ansiedade baseada tanto em pesquisas no campo das ciências humanas quanto na minha experiência pessoal, bastante intensa em relação a esse tema. Trata-se de uma questão entre o agora e o depois.

A ansiedade às vezes pode ser tão forte que chega a fazer com que a pessoa tenha que procurar socorro médico imediato porque seu coração dispara tanto e a sensação psíquica e física é tão extremada que chega a assustar brutalmente quem a sente. Alguns preferem chamar isso de pânico.

Mas há o que chamo de ansiedade estrutural que pode acompanhar a vida toda de um indivíduo e fazê-lo sofrer às vezes desnecessariamente, por percepções exageradas e distantes da realidade mundana. É que um mundo fantasioso de expectativas catastróficas acaba dominando a rotina e promovendo um medo constante e antecipatório.

Veja se confere com o que você já pode ter sentido. Exemplo singelo: você começa a ler um livro e não vê a hora de terminar. Está numa página e já quer saltar para a seguinte perdendo o sabor da leitura. Está num determinado lugar e, mentalmente, já seguindo para outro e para outro. Ficar numa fila de espera, nem pensar. Tudo flui com muita lentidão para você, como um córrego pantanoso. Quando menos percebe, já terminou o almoço sem ao menos mastigar bem os alimentos. Nas relações sexuais, então, não vê a hora do gozo e pronto, sem respeitar o tempo da parceira/o.

Os prejuízos reais para a existência de uma pessoa provocados pela ansiedade, em seus mais diversos graus, desde sua forma mais sutil até a rompantes brutais, para a própria pessoa e para quem está próximo dela, sobretudo nas relações parentais, são enormes e provocam severos sentimentos de culpa quando a crise passa.

Tratar a ansiedade, via orgânica, com a ajuda de médicos psiquiatras, ou via psicológica, com diversas psicoterapias disponíveis, deve ser sempre considerada para quem sofre ansiedade. E é bom não deixar passar muito o tempo para se cuidar, porque o processo continuado de sintomas, físicos e psicoquímicos, pode causar danos à vida que podem ser evitados, a fim de que se possa sentir bem-estar e até mesmo a felicidade de estar vivo.

Bem, não poderia terminar esse breve ensaio sem dizer que a ansiedade é parte importante da vida das pessoas e desempenha um papel fundamental para a realização de suas relações em todos os campos, contribuindo até mesmo para o sucesso social e profissional. A ansiedade faz parte da vida, como aquilo que se convencionou chamar de estresse. Demais ou de menos pode gerar desconfortos consideráveis. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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