“PEGAMOS ESSE MUNICÍPIO ARREBENTADO”
Algumas lições aparentemente oportunas e úteis podem ser tiradas da reunião realizada hoje (28) no gabinete do prefeito de Ibiúna gravitando em torno do piso salarial nacional do magistério, causa de duas assembleias gerais extraordinárias realizadas em frente ao Paço Municipal.
A primeira delas é a necessidade imperativa da abertura para o diálogo contínuo e transparente entre as partes envolvidas: autoridades, entidades representativas, cidadãos.
Afinal, um tema polêmico envolvendo necessidades e direitos irrefutáveis, deveres e responsabilidades precisa de oxigênio para manter o organismo público saudável em suas relações internas e externas.
Aliás, foi o que ocorreu como resultado de um diálogo com momentos tensos que levou a uma conciliação entre a prefeitura e o professorado municipal.
Talvez essa reunião tenha sido uma oportunidade para se descobrir o caminho daquilo que supostamente todos desejam: ver uma cidade bem administrada e reconhecida dessa forma pela população.
O prefeito disse que esta é a primeira vez que exerce um cargo público e que recebeu uma prefeitura “arrebentada” e que está fazendo de tudo para colocar as coisas em ordem. As explicações que apresentou dos problemas encontrados de alguma forma foram compreendidas.
Afinal, é o que transparece, o chefe do Executivo precisa contar com o tempo para destrinchar o emaranhado caótico que encontrou nos escaninhos e gavetas municipais. Isso também foi admitido.
Talvez, mais uma lição e essa é tão importante para a futuridade do seu cargo, o novo prefeito precisa superar os vícios que impregnam o enraizado hábito de se praticar uma espécie de obscuridade burocrática, ou, em outras palavras, ser extremamente sovinas com as informações requeridas pela sociedade.
Na reunião, a líder sindical enfatizou a crônica dificuldade de acessar as informações que circulam no interior da prefeitura, uma prática histórica e alvo de muitas reclamações, como se as pessoas estivessem diante de uma caixa preta.
A presidente do Conselho Municipal da Educação se queixa há anos de falta de informações solicitadas à Secretaria da Educação. Assim, está clara a necessidade de o novo governo de dar um salto inovando essa prática por meio da transparência.
Em suma, os conteúdos das duas horas e trinta minutos tempo que durou a reunião, já que estamos falando de educação, se apresentaram como uma excelente oportunidade para livrar, finalmente, a prefeitura municipal de Ibiúna de décadas obscurantistas.
É verdade que, como declarou o prefeito, ele não tem culpa de pegar um “município arrebentado”. Seu dever, e ele demonstra ter consciência lógica do desafio, é consertá-lo e é isso que todos esperamos. “Vou colocar as coisas em ordem”, prometeu.
Talvez seja oportuno lembrar o resultado de uma pesquisa elaborada pela Universidade de Harvard, há alguns anos, ouvidas dez mil pessoas: 85% do sucesso dos empreendimentos e organizações são atribuídos aos relacionamentos (comunicação, transparência) e 15% se devem a habilidades técnicas.
Para tanto, como diriam os mestres da retórica, é necessário fazer bom uso das palavras, com sensatez e equilíbrio, sem a necessidade de socar a mesa e elevar o tom de voz para impor respeito, ainda que esse seja um comportamento humano, demasiadamente humano. (C.R.)
