OPINIÃO – MOMENTO POLÍTICO EM IBIÚNA REQUER DIÁLOGO E A PRUDÊNCIA DOS HOMENS DE BEM

“Creio que a obrigação de um homem prudente é a todo momento favorecer o bem e opor-se ao mal.” Esta frase foi escrita há mais de quinhentos anos por um dos homens que mais estudou a situação dos governos e da política. Seu nome: Nicolau Maquiavel. Ele refletia suas preocupações sobre a oportunidade e perigos imediatos que se apresentavam ao papa Leão X que vislumbrava sempre apoiado na observação dos fatos reais.

Há causas de natureza política, administrativa e de interesses particulares dentro de um pano de fundo – aparentemente eterno – em que figuram o bem e o mal e as suas diversas formas de manifestações: fingimento, hipocrisia, cinismo, traição e, enfim, atitudes radicais que, no tempo de Maquiavel, se resolviam simplesmente na supressão dos que se encontravam mais fracos ou menos armados. O próprio autor foi preso e torturado por ser uma pessoa de idéias próprias, de sabedoria profunda no uso das palavras e por ter talento que sempre provoca inveja.

Como estamos em 2014, e em uma situação particular, é preciso dizer que a base causal do processo em curso é o descontentamento, e há motivos para que de fato exista. Mas os motivos são diversificados dependendo dos agrupamentos sociais considerados: usuários de serviços públicos, fornecedores, atores políticos na ativa – e é exatamente aqui que se encontra o olho do furacão.

Nesse contexto, a reação virulenta dos vereadores contra a idéia da formação de um Conselho da Cidade que não era de seu conhecimento e mesmo estava interditada à participação dos parlamentares, é um reflexo das delicadas tendências das relações atuais entre Executivo e Legislativo.

Há outras e, talvez mais imediatistas, que dependem de encontros reservados em que, parece, haverá até mesmo necessidade de lavar roupa suja e dizem respeito a incômodas situações de privilégios e disputas pelo poder. Quando até mesmo um aliado de primeira hora faz crítica pública da tribuna – é sinal de poder estar havendo um clima dinamarquês na política local.

Esta crônica aberta com as palavras de Maquiavel, autor de O Príncipe, uma das obras mais influentes da literatura mundial sobre a conquista e a manutenção do poder político, gostaria de ser oportuna para corações e mentes sentirem e pensarem sobre as consequências de atitudes imprudentes para toda a sociedade ibiunense. O maior perigo da hora será não haver JÁ diálogo claro, tranquilo e franco entre os principais personagens envolvidos e que isso seja feito sem rancor nem destempero verbal.

 

Carlos Rossini é editor

de vitrine online

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.