DOR DA PERDA E MANIFESTAÇÃO DE AMOR E FÉ MARCAM DESPEDIDA DE BRUNA

“Além do rio existe um lugar para mim. Além do rio existe um lugar de paz. Com Jesus vou morar.” Esse trecho de um canto em coro na sala do velório de Bruna Yamamoto, 20, na manhã de hoje (31) marcou o clima de amor, fé, coragem e, sobretudo, esperança de “reencontro no Céu”. A comovente cerimônia do adeus foi ministrada pelo pastor Cleiton Paulo da Silva. Ele conhecia Bruna quando trabalhava na Igreja Adventista de Ibiúna que ela frequentava. Centenas de pessoas seguiram em cortejo em direção ao Cemitério da Paz, no centro de Ibiúna, onde houve o sepultamento por volta das 10 horas.

O pai de Bruna, Alan Yamamoto, chegou a tempo do Japão para se despedir da filha e reencontrar sua outra filha, Mariana. A mãe de Bruna, Claudia Cardoso, o padrasto Cleber Graciani e outros parentes da jovem estavam envolvidos por uma multidão [a maioria adventistas] que silenciosamente na maior parte do tempo parecia formar um único espírito de solidariedade. A amiga de Bruna que também se encontrava no veículo acidentado, Ariany Vieira Monteiro Nunes, 16, estava com o braço esquerdo engessado e com sinais de ferimento na testa. Chorou o tempo todo apoiada no caixão branco que permaneceu fechado. Sobre ele havia duas fotografias de Bruna emolduradas, um bichinho de pelúcia, um chaveiro com a letra B, uma pequena guitarra e o desenho de uma flor e de um ideograma cujo significado é Yamamoto, nome da família.

Amigo de Bruna, Douglas Medeiros, 17, chorava inconsolavelmente ao lado da cabeceira do féretro. Ele contou que Bruna tinha acabado de retornar do Japão onde permanecera junto do pai por um ano e que era uma pessoa muito alegre e feliz. Adventista como ela, Medeiros manifestou a esperança de reencontrá-la com “aquele seu sorriso lindo”.

Muitas coroas de flores foram entregues e assinadas por amigos e instituições, como Escola Adventista, Escola Cooperativa de Ibiúna, HSBC, Grupo Hentona, Igreja Adventista Central, famílias Oikawa e Koga, num gesto de amor, saudade e reverência.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.