PITTY MUDOU-SE PARA IBIÚNA E QUER FAZER MUITOS AMIGOS

Olá! Meu nome é Pitty e tenho cinco meses. Meus ancestrais são franceses e sou da raça buldogue. Deixando a gramática de lado, sou então uma “buldoga” francesa. Minha pelagem é fina, sou de pequeno porte, mas muito esperta. Com minhas orelhas de pé, acompanho tudo que acontece ao redor: movimentos, ruídos, gestos, chamados e, querem saber mais, já estou latindo e vou caprichar cada vez mais para ter uma voz bem convincente e comunicativa.

Estou morando na casa de uma família que reside em Ibiúna, interior de São Paulo, e sendo muito bem tratada. Como nem tudo é perfeito, tenho uma enfermidade chamada “olho de cereja” [comum em minha raça], mas tenho certeza de que vou superar isso. Meu dono é um cara bem legal e me explicou que se trata na verdade de um prolapso na pálpebra dos olhos. Se esse problema não regredir, terei que passar por uma cirurgia.

Mas estou muito feliz! No quintal, ainda vivem duas labradoras amarelas, mãe e filha, e uma mestiça marron, muito forte, filha de um rottweiler com um dog alemão. As três estão com muito ciúme de mim. Basta que eu chegue perto de uma ou de outra para ouvir um rosnar tipo “chega pra lá, baixinha”.  Mesmo assim, não desisto e pulo neles, procuro brincar, cheirar e nada; eles não querem minha presença.

Se meus donos chegam perto de mim é aquela crise de ciúme e eu não estou nem aí. Só quero brincar com elas. Acho que aos poucos elas vão se acostumar com a minha presença, mas é triste sentir esse (falso) desprezo.

Agora, uma coisa tenho de admitir. Meus donos vivem falando que sou inteligente, esperta, rápida, ágil e também…muito desobediente. Pô, eles tem que saber que sou um bebezinho ainda e que gosto de liberdade. Ficam preocupados porque vivo pegando folhas e outros matinhos que mastigo sem saber do que se trata. Hoje deitei e rolei com uma pinha que caiu lá do alto da árvore.

Se o vovô se aproximava, dava uns dribles nele. Pegava rapidamente a pinha e corria em círculo sem que ninguém pudesse me pegar. Outro dia fui levado a um supermercado da cidade e várias pessoas vieram me ver e me encher de admirações: “Olha que gracinha!”

To achando tudo muito legal e o que mais chama a atenção e parece mais divertir as pessoas é que parece que uso uma máscara com um lado branco e outro preto. Essa é uma característica da minha raça.

Bem, é isso aí. Espero fazer muitos amigos e amigas.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.