CHOVE EM IBIÚNA E O VERDE RETOMA SEU TOM RESPLANDECENTE

Hoje (13), cinco dias depois de a revista vitrine online ter publicado reportagem da triste situação de seca na represa Itupararanga, no município de Ibiúna, interior de São Paulo, que terá chegado ao mais baixo nível de suas águas nos últimos cinquenta anos, o milagre acontece. A chuva veio. O titulo da reportagem “A exuberante represa de Itupararanga pede água”. O pedido começa a ser atendido. A Natureza tem sua própria sabedoria.

As notícias de hoje estampada na imprensa dão conta da situação calamitosa provocada pela que é considerada uma das mais severas estiagens dos últimos setenta anos no Estado de São Paulo. Na Capital, a água que se colhe para distribuir à população é uma espécie de”raspa de tacho”. Falta água agudamente em cidades do interior, como Itu. As autoridades do Rio de Janeiro reclamam que o governo de São Paulo diminiu a liberação de águas do sistema do rio Paraíba em prejuízo do abastecimento na baixada fluminense.

Como se vê, a Natureza, numa pequena mostra do seu poder subestimado pela pretensão de grandeza ilimitada do homem, indica que seus segredos vão muito além de nossa “vã sabedoria”. Há uma pretensão dos homens de desvelá-los por meio da tecnologia e do conhecimento científico. Talvez no futuro se fabrique água vendida no comércio em forma de cápsulas atomizantes. Você leva para casa embute cada uma delas no sistema de banho e, como se faz café de máquina inserindo-se  o pó em pequena embalagem, a água aparece e se multiplica, se amplia como na fissão nuclear, por reação espontânea em contato com o ar. Para preparo dos alimentos e outros usos a água seria igualmente servida de modo sintético. Restaria saber se continuaríamos sendo seres humanos ou completos ou objetos, como robôs consumidores.

Mas voltemos a esse milagre simples e natural. A chuva chegou logo cedo e mudou o cenário da vegetação: o gramado, as plantas do jardim, as folhas das árvores se transformaram. O tom verde das folhas, carente de água, recuperou a tonalidade resplandescente. Parecia haver em tudo gratidão e amor pela vida! Á água caindo mansa do céu, liquidamente sensual, molhando, despertando as sementes, alimentando as raízes, banhando os pássaros. O ruído encantador da chuva sobre o telhado, as gotas formando fios de água que se esborracham na calçada. Gotas que se acumulam nas estruturas que sustentam samambaias formando obras de arte natural. Bem-vinda, chuva, que não depende de governantes, de projetos de lei, decretos e da política.

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.