DIÁLOGO DE CARCARÁ…DÁ PRA ENCARÁ?

Após ter sido reeleita, a presidente Dilma propôs um diálogo à oposição. Pelo que ocorreu no  decorrer da campanha, não deixa de ser uma proposta indecente. É o carcará propondo um  diálogo às suas vitimas.

O carcará, chamado popularmente de carancho (do tupi ka’rãi, arranhar, rasgar com as unhas), é tido como ave tipicamente brasileira. Já foi, inclusive, chamada de “águia brasileira”. O caracará, no entanto, não é uma águia, mas um parente distante dos falcões. Por isso, não é tanto predador quanto oportunista. Alimenta-se de insetos,anfíbios, roedores e outras presas fáceis. Ataca crias de mamíferos, como filhotes recém nascidos de ovelhas. Acompanha urubus em busca de carniça.

No Brasil, o carcará ficou conhecido em 1965, graças à música “Carcará” de João do Vale, interpretada por Maria Bethânia. Foi citado, também, na telenovela da Rede Globo Roque Santeiro, onde “carcará” era o apelido de Roque Santeiro dado por Sinhozinho Malta, talvez por ambos serem oportunistas. Em 2005, a Agência Brasileira de Inteligência, adotou-o como símbolo,em lugar do anterior, a araponga.

E, de certa forma, pode-se dizer, que foi adotado pela presidente Dilma e o PT na Campanha presidencial de 2014. Tanto que estraçalharam a frágil Marina e não pouparam o Aécio. Para manter o poder, agiram como o carcará da música, que diz:

Carcará

Pega, mata e come

Carcará é malvado, é valentão

É a águia lá do meu sertão.

Se optaram ser caracará, não deixa de ser um despautério propor agora, um diálogo. Carcará não dialoga, mata e come. Propor diálogo  entre ele e suas vítimas é como propor  um diálogo entre a raposa e as galinhas.

Diálogo não é como uma roupa que se veste e se tira de acordo com o interesse do momento. Se não for uma política constante, melhor nem escolhê-la. Por isso, Edgar Faure (1908-1988), que foi primeiro-ministro francês em 1952 e de 1955-1956, afirmou: “ A política do diálogo, da troca, da abertura, quando se a escolhe, não se pode fracioná-la, ou então nem é preciso escolhê-la.”

Durante a campanha de 2014, a política do diálogo foi fracionada. Inútil, agora, escolhê-la. Mesmo porque, carcará é sempre carcará. E, o seu “diálogo”, não dá pra encará.

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Claudino Piletti é professor-doutor em Pedagogia e autor de vários livros. Gaúcho de Bento Gonçalves, reside em Ibiúna há longa data com a família.

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.