Jovens abandonam Ibiúna por falta de mercado de trabalho

“Eu sou o último de dez amigos a aguentar a falta de empregos de qualidade nesta cidade e estou pensando em ir embora ainda este ano.”
Esse dramático depoimento é de F., um rapaz que preferiu não se identificar no e-mail encaminhado à revista vitrine online e, de fato, retrata uma realidade crua que vem se perpetuando e desafiando as autoridades locais e a comunidade de modo geral.

As tentativas dos governos municipais de atrair empresas expressivas a se instalarem no município se mostraram ineficientes até agora e, portanto, não há nada para se comemorar nesse setor tão relevante para a juventude, ao contrário do que acontece em muitas cidades do interior paulista.

A área destinada à instalação de um polo empresarial nas proximidades da Rodovia Bunjiro Nakao, logo após a saída para o vizinho município de Piedade, continua na estaca zero. Na verdade, é preciso muita vontade política, capacidade criativa e habilidade relacional para superar esse problema.

Apesar de já haver na cidade cursos de formação superior na área de administração de empresas, como ponto positivo, não há capacidade de absorção dos formados. Então, como declara F, o jeito é ir embora para São Paulo, Sorocaba e até mesmo a outras cidades de maior porte para se conseguir uma colocação e um salário mais atraente.

F. repele a ideia de se achar “que é normal a pessoa sair de sua cidade em busca de melhores condições de trabalho, pois o lugar do ibiunense é em Ibiúna, empregando aqui seu talento”.

“Queria muito ficar nessa cidade, mas aqui não há emprego que pague mais de R$1.500, fora da máquina da prefeitura. Com oito anos de profissão e duas faculdades mereço mais que isso, assim como muitos jovens como eu.”

Agora surge nova esperança de que, com o governo municipal petista, mesmo partido da presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, Ibiúna possa contar com apoio para fazer algo mais para que os jovens possam contar com melhores oportunidades de trabalho no próprio município, com extensão territorial de mais de mil quilômetros quadrados.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.