COMUNICADO INTERNO DA PREFEITURA DE IBIÚNA CRIA UMA “LEI DA MORDAÇA” QUE REPERCUTE NA CIDADE

No dia 9 último, a prefeitura de Ibiúna expediu um comunicado em que proíbe “todos os secretários e servidores municipais” de concederem entrevista a qualquer veículo de comunicação, “sem prévia autorização do secretário de Governo”. Essa medida, apontada como “uma lei da mordaça”, provocou repercussão de perplexidade não apenas no âmbito do funcionalismo, mas também na comunidade ibiunense e nas redes sociais.

O documento é assinado por Tadeu Soares, vice-prefeito; Rafael de Cassia Cerqueira, secretário de Governo; Jaderson Alves, assessor de Imprensa; e Sérgio Takamune, assessor do governo.

O comunicado informa ainda que “as solicitações de entrevistas por jornalistas devem ser encaminhadas ao Departamento de Comunicação dessa prefeitura”. E conclui com uma advertência: “Secretários e servidores que não cumprirem” as orientações determinadas “serão responsáveis pelos seus atos”.

Esclarecimento

Em face da repercussão causada pelo comunicado, a prefeitura publicou na “front page” do seu portal a seguinte nota:

“Em relação às postagens ocasionadas pelo documento interno desta Prefeitura aos senhores Secretários, intitulado COMUNICADO, esclarecemos:

O referido documento foi elaborado equivocadamente com relação ao Servidor Público Municipal. O documento tem como objetivo evitar fala de Secretários e cargos de comissão diferente ao que pensa a Administração, como postagem de comissionado em rede social que gerou polêmica na mídia recentemente.

Como também foi equivocada a distribuição do referido comunicado aos diretores e servidores, pois ele foi entregue somente aos Secretários, com recomendação a orientarem seus cargos de comissão.

Em momento algum a Administração Municipal pretende cercear a livre manifestação de qualquer pessoa, até mesmo dos Secretários e cargos em comissão, desde que expressem seus pensamentos como cidadão.

Ao se manifestarem como Secretário ou cargo em comissão, deverão se expressar de acordo com o pensamento da Administração.”

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.