NESTE DOMINGO DE PÁSCOA DESCUBRA A CRIANÇA NO FUNDO DO SEU CORAÇÃO

PÁSCOA É A CELEBRAÇÃO da vida nova de Jesus Cristo, no sentido da superação dos sofrimentos de existir neste mundo sensível. Do despertar  de um novo sentimento de libertação. Por isso, o maior símbolo dessa data é a pureza original da criança. É, também, uma extraordinária oportunidade para você dar um mergulho no fundo do seu coração. Mesmo por um breve instante, para beber direto da fonte de sua sabedoria.

E até descobrir a fonte dos seus sonhos a realizar, para si mesmo e junto com os outros, a partir de uma palavra de supremo significado: o amor. Criança é a coisa mais bela da vida, antes de começar a sofrer os embates que a vão modelando a ser algo diferente de si mesma e contra sua vontade, tornando-a distante de si até o ponto de perder o contato espontâneo com o próprio coração.

Por isso, neste domingo, se dê o sagrado presente de visitar este órgão que é o emblema dos sentimentos. Se você conseguir – Aleluia! – há de experimentar uma felicidade indescritível em palavras, mas de uma força que é própria da revelação. Realizado o “milagre” da comunhão e religação – encontrará a verdade dentro de você.

Sabia da história daquela mulher que resolveu sair mais cedo do trabalho e chegando a casa, ao abrir a porta da sala, encontrou o marido brincando de trenzinho na sala. Ele um executivo de uma importante empresa, recebido com reverências pelos corredores da organização, ali feito uma criança. Estava cheio de falsidades, competição, artificialismo. Brincar o ajudava a não pirar.

A canção diz “Há um menino [ou menina] no meu coração/Quando o adulto balança/Ele vem para me dar a mão”.

A imagem que estampamos acima é de um menino sírio. Ela rodou o mundo esta Semana Santa. Veja que ele ergue os braços como se estivesse se rendendo diante de um inimigo, como provavelmente terá visto muitos adultos fazerem num gesto de submissão, para não serem mortos. Será que são coisas como essa que as crianças sírias estão aprendendo? Por que tem que ser assim tão terrível. As crianças têm sido vítimas da insanidade do mundo adulto, infelizmente, mesmo em lugares, como o Brasil, que não se encontram em guerra. E o menino [mais um ] que foi morto ontem por uma bala perdida no Rio? Mas, voltemos à Páscoa.

E os dois ovinhos de Páscoa de chocolate, que, misturados ás compras, foram esquecidos dentro do táxi? E agora o taxista, comovido, nos informa que se esforça para relembrar quem e em que lugar terão descidos os passageiros para devolver os doces, já que muitas foram as viagens feitas ontem. Esse mundo é feito mesmo de incertezas e procuras.

É certo que milhares de crianças continuarão sem saber o que é um ovo de Páscoa de chocolate e a Terra continuará a girar em torno do Sol, trazendo a cada dia novos desafios em torno daquilo que um filósofo deu título ao seu livro – Viver é perigoso. Na verdade, poderíamos dizer, além disso, que viver é um imenso e complexo mistério e segredos ocultos pelo Criador.

Então a única verdade que resta é a do seu coração de menino ou menina dentro de você e observe o quanto ele reage a tantas provocações durante anos, alterando seus ritmos conforme o que você experimenta [o meu já ultrapassou os 180 batimentos por minuto] e perde a harmonia e compasso tanto por alegria quanto por tristeza. Às vezes ele se cansa e para, outras, explode. Por isso, aproveite enquanto ele mantém sua criança viva. (C.R.)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.