TEATRO EM IBIÚNA – GRUPO DE JOVENS ENCENA O AMOR EM TEMPO DE HOMOFILIA X HOMOFOBIA
Na próxima sexta-feira (24) e no sábado (25), às 20 horas, haverá as duas últimas apresentações da peça “A Branca e a Preta”, no Espaço Cultural LDG Brasil. Nove jovens atores ibiunenses, meninas e meninos, fazem um espetáculo bem-humorado e discutem o amor flutuante entre o mal e o bem, em uma notória inversão de um preconceito social que existe até os dias atuais.
Na metáfora invertida, e contrariando estereótipos, neste caso a Branca representa uma energia negativa enquanto a Preta, a positiva. Se a boca “é tão doce quanto a uva”, por isso mesmo ela é um dos instrumentos da sedução e da dor que não se pode entender. A questão aberta é “O que vem depois do Era uma vez…?”
Vêm muitas coisas e até o demônio passa a ser “bonito” tem pés de “veludo”; por isso, se propõe que “você se engana com seus demônios, mas aprende com eles também”. A ação dúbia da Branca é enganar seus amores e traí-los uns com os outros. Ela age como anjo, mas, no fundo, é uma vampira que suga as emoções do outro e transforma o amor, que inspira, em dor.
Um Anjo narrador, com pinturas no peito, traz a mensagem divina de que houve um planejamento… “um homem para cada mulher”, mas isso não acontece porque o amor é volúvel e um triângulo amoroso é proposto por Branca – ela, seu namorado (ou marido) e seu amante – e aí surge uma questão nestes tempos de homofilia x homofobia. Os dois homens de apaixonam e se casam e deixam Branca na mão. Na peça, esse fato surge como uma forma de punir a maldade que reivindica a reflexão da plateia, porque ficam no ar, como as nuvens, questões profundas relacionadas à sensibilidade interpretativa de cada um.
Enquanto isso, a Preta desperta do mundo “Era uma vez…” e é, por significar o bem, presenteada com o amor verdadeiro, que não se resume num simples beijo e muito menos no “Felizes para sempre”, mas está em muitas possibilidades, como fonte que supera qualquer dor. Cabe ao Anjo a provocação final à plateia: “E você, tem amor?”
O autor e diretor da peça, Gabriel Lima [foto], um jovem de dezenove anos, deixa escapar em certa altura que o espectador pode não compreender a mensagem central e sugere que é assim mesmo. Talvez não estará sem razão se recordarmos que o teatro grego tinha um propósito catártico tanto nos dramas, quanto nas tragédias e nas comédias, isto é, ajudar a assistência liberar suas emoções reprimidas, especialmente aquelas relacionadas ao medo, à raiva, diante de uma vida tecida por mistérios sem fim. É oportuno lembrar, antes que o pano desça, que os nove jovens atores têm idades entre catorze e quinze anos, na média. Por isso, é perdoável o fato de ficar invisível a possibilidade de o homem ser livre, autônomo, e se situar além do bem e do mal. (C.R.)
Ficha técnica:
Companhia: C.I.A. Maluca
Autor e diretor: Gabriel Lima
Atores e atrizes: Cassia Campos, Felipe Amaral, Giovani Martins, Lucas Bebiano, Gabriel Von Gerhardt, Rafaela Yasmin, Guilherme Ronney, Grazielle Paes e Andressa Santos.
Local: Espaço Cultural LDG – Rua Maurício Benedito Germano, 26 (travessa da rua Guarani).
Horário: 20 horas
Censura: 12 anos
Data: Sexta-feira, 24 e sábado, 25, com início às 20 horas.
Ingresso: R$ 5,00