OPINIÃO – CRISE E FALTA DE POSTURA ÉTICA EMPOBRECEM O BRASIL

dilma,renanO Brasil está um triste país tropical, bonito pela própria natureza, mas assustador do ponto de vista da nação, ou seja, da condição real de vida de sua população. É verdade, basta ver a história da humanidade, nos tempos de crise, incluindo períodos de guerra, sempre há privilegiados que lucram com o sofrimento da maioria. Quem seriam eles neste momento?

Um país que tem na presidência da Câmara Federal um Eduardo Cunha – nadando de braçadas com absoluto desrespeito aos princípios éticos e à moral pública, suspeitíssimo, por enquanto, de ter se beneficiado com milhões de reais guardados em contas secretas na Suíça, agora reveladas documentalmente – não pode mesmo ir bem das pernas. Ele enfrenta com frases venenosas e ofende não apenas a presidente da República, Dilma Rousseff, mas todo o povo brasileiro.

Mas, num país que tem na Presidência da República uma pessoa desmoralizada politicamente – habitando um palácio cercado por políticos oportunistas do PMDB que a imprensam contra a parede, se aproveitando de sua notória fragilidade, e ainda tendo um fantasma nas costas [Lula] dizendo-lhe o que fazer, em meio a um gigantesco impacto econômico negativo, – se vê espalhar cada vez mais a lama da escandalosa corrupção, provocando efeitos devastadores sobre a sociedade brasileira.

Desacreditado pelas instituições de investimentos que abonam bons e condenam os maus pagadores, vê sua credibilidade cair abaixo do fundo do poço. O país oficial treme de medo e a quebra de confiança faz com que os negócios, sobretudo novos investimentos, fiquem congelados, pois o capitalismo tem mais prudência do que as gazelas que vivem numa área onde existem leões.

É incrível ver instituições importantíssimas como a Associação de Assistência à Criança Deficiente – AACD fechando duas unidades de atendimento em São Paulo porque sofreu uma queda de 30% as doações que recebia, tanto de pessoas físicas quanto jurídicas. A Santa Casa de São Paulo fez demissão em massa e quem a conhece sabe o que isso representa para o sistema de saúde não só da Capital quanto de cidades do Interior.

A Associação de Pais e Amigos do Excepcional – Apae-SP, conforme noticia a Folha de S. Paulo, tinha quase zero de inadimplência e agora anuncia um índice de 48%, além de uma queda de 20% nos repasses de crédito da Nota Fiscal Paulista. Outras organizações similares e ONGs que atendem crianças carentes também estão fazendo cortes de pessoal, por queda nos recursos.

O que terá decidido a reeleição de Dilma em 2014, os beneficiados com o Bolsa Família, cantado em prosa e verso como obra do magnífico PT, agora se torna um motivo de grande temor das famílias que vivem em cidades pobres do Nordeste.

Desde que o relator da Comissão de Orçamento da Câmara Federal, deputado Ricardo Barros (PP-PR), anunciou a proposta de fazer um corte de R$ 10 bilhões, de um total de R$ 38 bilhões, do Bolsa Família, dias atrás, o medo da volta da fome já ronda principalmente aquelas famílias que dependem exclusivamente dessa renda mensal. Em todo o país existem 13,9 milhões de famílias no programa, 50% das quais no Nordeste.

A falta de dinheiro em circulação, o desemprego crescente [acima de oito milhões de desempregados, no mínimo], o aumento dos preços dos combustíveis e dos produtos em geral, sobretudo no item alimentação, a maioria da população brasileira sofre muito longe da mesa dos banquetes dos corruptos que desviam bilhões de reais e inviabilizam a sanidade ética e moral do País. Dizer que o país governamental perdeu a vergonha, assim como as raposas políticas, talvez não seja exatamente um exagero. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.