ELEIÇÕES 2016 – SEM A ÉTICA COMO VIRTUDE PARA O BEM COMUM, IBIÚNA SEGUIRÁ PATINANDO NA LAMA DA POLÍTICA TRADICIONAL

cadeira do prefeito

Há um desejo latente de mudança e uma expectativa de que Ibiúna, sua gente, possa ter um futuro melhor, com serviços públicos não apenas quantitativos, mas, sobretudo, qualitativos. Melhor sistema de saúde, educacional, ambiental, melhores estradas, transporte, segurança pública, para que haja paz social, ampliação do mercado de trabalho, aumento no nível de renda familiar, etc.

A propósito, é preciso ter em conta que, para que isso aconteça, nem tudo depende da máquina administrativa municipal, mas também da incorporação de uma ética na conduta moral de toda a sociedade. Se existem maus administradores é porque a sociedade os empoderam, elegendo-os e os mantendo no poder. E, o que é mais nocivo, os recolocam nos mesmos postos, apesar de seus maus comportamentos. Por mais paradoxal que seja, parece que o povo gosta de ser enganado pelas mesmas mentiras repetidas à exaustão.

Simplesmente não poderá, no caso, haver mudança substancial se não nos livrarmos da ignobilidade em que nos encontramos e que nos mantêm na cegueira cultural, num vicioso e anacrônico modo de ver e avaliar aqueles que se candidatam a  protagonistas políticos.

Pois será exatamente o resgate de valores éticos e morais o fator preponderante, por meio dos quais aprenderemos a pensar, a criticar e a agir, criando uma perspectiva libertadora capaz de mudar a realidade. Um panorama ético “novo” pode sustentar  uma ação terapêutica coletiva capaz de romper com a nefasta conduta tradicional e mecânica que impede o progresso da cidade.

Estamos falando da liberdade civil para fazer escolhas políticas em que é fundamental deixar de lado uma vida apenas calcada em interesses materiais imediatos, seja por meio do dinheiro, pura e simplesmente, ou outros interesses.

Uma pessoa, com plena transparência de sinceridade, fez veemente defesa do atual prefeito em relação ao polêmico caso da zona azul digital. Sua escrita simples e gramaticalmente precária não disfarça, mas destaca, que ela tende a votar nele novamente. É um caso emblemático de uma configuração em que os próprios limites culturais tornam as pessoas frágeis e suscetíveis de convencimento fácil, por alguma forma de permuta, mesmo que sejam simplesmente, promessas vãs, palavras e gestos sedutores.

Duas pessoas conhecidas entre si se encontram no supermercado, uma delas é presidente de uma associação de bairro e a outra um pretendente a ser candidato de primeira marinhagem. Quando este com bom-humor recorda o seu intento, ouve de volta: “Tenho uns três caras com o mesmo propósito, mas vamos sentar e conversar…” Epa! É impossível não imaginar que quem “pagar mais” levará o apoio. Esse é outro vício e outro perigo contra a ideia de haver uma verdadeira mudança, não que a corrupção vá acabar de vez e se instaurará o paraíso que transforma as pessoas em anjos, mas é preciso haver uma ética mínima, para que a sociedade ibiunense de fato possa viver uma vida mais digna e num cenário em que impera o respeito humano.

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Carlos Rossini, jornalista e sociólogo, é editor de vitrine online e colaborador da TV Ibiúna

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.