MULHERES IBIUNENSES SE SENTEM CONSTRANGIDAS A SE CONSULTAREM COM MÉDICOS GINECOLOGISTAS
Um número ainda desconhecido [por falta de pesquisa], mas aparentemente expressivo de mulheres ibiunenses, se sente constrangida a se submeter a exames ginecológicos com médicos homens. Na manhã de hoje (24), uma mulher de 32 anos, evangélica, se queixou à vitrine online, informando que, desde que a dra. Margarida [Margarida Giancoli, médica ginecologista muito querida na cidade] deixou de atender no Posto de Saúde da avenida São Sebastião, ela não mais se submeteu a exames ginecológicos. Isso faz seis anos. Motivo: “Eu me sinto constrangida a ser examinada por médico.”
Vitrine online saiu a campo e ouviu, na parte da manhã, quinze mulheres sobre o assunto e observou a existência de três situações com os seguintes valores aparentes: 1) há mulheres que não se sentem encabuladas ou envergonhadas diante de ginecologistas homens [em torno de 60%-65% das mulheres]; 2) cerca de 40% manifestaram que sentem constrangimento. Em ambos os casos, jovens, adultas e idosas.
É possível perceber, dentre as mulheres que responderam não ter qualquer problema dessa natureza, que elas formam uma opinião favorável do médico que as atende pelo seu comportamento atencioso, cuidado e interesse efetivo em resolver seus problemas.
Uma senhora que aguardava para ser atendida no Posto de Saúde Central, além de dizer que preferia ser atendida por médica mulher, comentou que sua filha de 24 anos nunca passou por um exame ginecológico já que seria feito por um homem. Outras três disseram a mesma coisa. A mulher chamou a atenção do fato que denominou de 3) “a primeira consulta” em adolescentes ou jovens de modo geral, como sua filha, precisaria ser feita por uma médica mulher. “As meninas em geral se sentem inibidas de se expor para um homem estranho, ainda que médico, já que muitas vezes não se expõem nem no ambiente familiar.”
À noite, foram ouvidas mais treze mulheres, das quais nove disseram que preferem ser examinadas por médicas.
DIVERSOS FATORES
Esse fenômeno implica fatores psicológicos, psicossociais e culturais e precisa ser visto do ponto de vista da saúde pública, ou seja, como um problema que precisa ser resolvido criando-se alternativa para um considerável número de mulheres no município de Ibiúna, cuja população hoje é estimada em 78.000 habitantes, segundo dados do IBGE.
Trata-se de um fato real, com suas peculiaridades e as autoridades públicas do município da área da Saúde precisam levar em conta a partir da realidade factual e não através de lentes meramente técnicas.
Vitrine online ouviu a diretora do Posto de Saúde da Avenida São Sebastião, Tatiane Cilene. No início da conversa a diretora estranhou reiteradamente o objetivo da procura de informações, até que parece ser entendido o que se enquadra no capítulo prestação de serviço típico do jornalismo. Mas, no fim, deu mostras que havia entendido.
Com exceção da dra. Margarida Giancoli, que passou a atender exclusivamente aos moradores do Paiol Pequeno e Capim Azedo, não há no sistema de saúde publico no município de Ibiúna nenhuma ginecologista. Ou seja: para aquelas mulheres que se sentem contrafeitas de serem examinadas por médicos não há alternativa no momento. Explicou a diretora do posto que só pode contar com médicos concursados e que agora vai haver novo concurso e se entrar alguma médica ginecologista, ela estará disponível.
UMA ALTERNATIVA
Em conversa com o repórter de vitrine online, no entanto, Tatiane lançou uma alternativa: as mulheres que se veem nessa situação podem procurar por ela ou pela enfermeira Sônia, do setor de ginecologia do Posto da Avenida São Sebastião, que serão orientadas e encaminhadas à dra. Margarida Giancoli, até que haja a indicação de uma médica para o posto central.
UMA SOLUÇÃO
Agora, o secretário municipal da Saúde, Reginaldo Ribeiro, numa atitude sensível relacionada a esse fato, poderia contratar uma médica ginecologista e disponibilizar seus serviços um ou dois dias por semana para evitar quaisquer tipos de constrangimentos nessa parcela, aparentemente considerável, de cidadãs ibiunenses. (C.R.)