IBIÚNA – MULHERES DA CACHOEIRA [EM DEFESA DAS FAMÍLIAS] REIVINDICAM TRANSPORTE, ILUMINAÇÃO, ABRIGOS E ÁGUA
Elas são pessoas simples, trabalhadoras, humildes e começaram aparecer de um lado e de outro da estrada, vindas de suas casas ocultas no meio das árvores, por uma boa causa: querem o fim do sofrimento que crianças, jovens, adultos, idosos passam diariamente por morar em uma rua no bairro da Cachoeira, segundo elas, abandonada pela prefeitura de Ibiúna à própria sorte.
Combinaram um encontro com vitrine online para às 10h30 do sábado (26) para fazerem suas reivindicações à prefeitura de Ibiúna, já no ponto de exaustão, de tanto fazerem pedidos às autoridades em vão. Elas representam trezentas famílias que residem ao longo de 1,5 km da rua Moacir Leme da Silva, que desemboca na Estrada da Cachoeira, que liga o bairro de mesmo nome à área central da cidade, a cerca de quatro quilômetros, e, no sentido inverso, ao fundão do bairro da Cachoeira. O ponto de referência mais notável e conhecido ali é a Capelinha de Nossa Senhora do Bom Parto, frequentada por grande parte da população local.
REIVINDICAÇÕES BÁSICAS
O que pedem às autoridades são serviços públicos básicos: transporte público (ônibus) que não atende às necessidades mínimas dos moradores; falta gritante de iluminação pública, agravada pela péssimo estado da rua; falta de abrigos de ônibus (não existe nenhum) e falta de água em alguns pontos [a prefeitura tem enviado carros-pipa para amenizar a situação].
O SERVIÇO DE ÔNIBUS feito pela Viação Raposo Tavares chega a ser escandalosamente insatisfatório. De segunda a sexta, segundo os moradores, sobe [essa linguagem é local porque a rua é uma sequência de subidas e descidas] três vezes por dia, mas, basta que chova, para que deixem de realizar a viagem, deixando as pessoas no asfalto [seja quem for, mãe com criança no colo, idosos com ou sem sacolas, etc.] e obrigadas a andar até mais de um quilômetro, debaixo de chuva ou pisando na lama, em buracos e pedras. Aos sábados, para tomar ônibus só descendo para a pista do asfalto e aguardar um dos que passam de duas em duas horas. Nos domingos e feriados simplesmente o serviço não funciona, até mesmo ao longo da Estrada da Cachoeira, principal via de acesso a todo o bairro da Cachoeira. Mesmo em dias em que não chove, não é raro que o ônibus não suba e deixe as pessoas esperando em vão.
Uma das moradoras, que procurou a prefeitura diversas vezes, desabafou: “O preço da passagem subiu e mesmo assim não temos ônibus. Ninguém ajuda a gente. Na hora de pedir voto, eles vêm aqui e prometem, mas na hora de ajudar, se escondem. A situação do bairro está muito difícil”.
Se alguém precisa de atendimento médico e não tiver dinheiro para pagar o táxi, só mesmo com a ajuda de algum vizinho. Uma senhora leva o neto para a creche no colo e a pé – e não é a única, porque o ônibus não aparece. Subir e descer morro e andar mais de dois quilômetros é um tormento para qualquer pessoa, mesmo que seja forte e saudável. Mas há pessoas com 70, 73, 77, 83 anos. Uma delas disse que nem consegue andar direito porque sente fortes dores nas pernas.
A reportagem de vitrine online fez a trajetória de ida e volta da rua e foi inevitável concluir que o povo dali está sendo tratado de forma desumana.
ILUMINAÇÃO PÚBLICA – Ao longo de 1,5 quilômetro, constatamos haver apenas dois pontos de luz e nem pudemos verificar se estão funcionando, pois fizemos o trajeto na manhã de hoje (27). Então, e sobretudo por parte dos mais idosos, esse é o segundo problema mais sério nas quatros reivindicações apresentadas. Como ir e voltar da Capelinha numa escuridão de breu? Como evitar os buracos que margeiam a rua de terra que, por não serem canaletas, em valetas profundas? Como enxergar o chão onde pisar, mesmo usando lanternas e, repetimos, há pessoas que querem ir à igreja que são idosas. Será que essa é a forma correta de prestar serviços públicos aos moradores dessa localidade? Uma senhorinha de 73 anos, de cabelos alvos, simpática, só quer que a prefeitura ponha luz na estrada e melhore o serviço de ônibus para poder sair e voltar para casa. É pedir demais. Isso não é direito de cidadania líquido e certo?
PONTOS COM ABRIGO – Se o serviço de ônibus está na condição que está, há ainda um agravante: em nenhum lugar ao longo da estrada há um único abrigo sequer. O jeito é tomar sol, chuva é esperar que o ônibus chegue e, não raro, eles não chegam, como declararam as senhoras da Cachoeira.
ÁGUA – Algumas mulheres disseram que há casas sem água, servidas provisoriamente com carros-pipa que a prefeitura envia de tempos em tempos para encher as caixas de água. Chama a atenção que, pelo menos até agora, a Sabesp não tenha instalado a rede de água [dentro do projeto de compensação ao município de Ibiúna pela exploração da água da Represa do França do Sistema São Lourenço] para servir àqueles moradores. A rede já foi implantada na Estrada da Cachoeira até um quilômetro além do ponto em que tem início a rua Moacir Leme da Silva. Há razões de sobra para que as autoridades municipais vejam esse assunto junto com a Sabesp.
DESENVOLVIMENTO URBANO
Hoje mesmo, enquanto escrevia esta notícia, o repórter de vitrine online entrou em contato telefônico com o secretário de Desenvolvimento Urbana do Município de Ibiúna, Ulisses Levi Rocha Pessoa, apresentou um breve resumo dessa situação e o convidou para acompanhar a apresentação da gravação feita com as mulheres e da rua que será exibida na próxima quarta-feira, às 19 horas, na TV Ibiúna. Será uma oportunidade de o secretário conhecer, analisar e estudar soluções efetivas para esses problemas. Em princípio [iria verificar sua agenda] aceitou participar. (Carlos Rossini)