POSSANTE, ÔNIBUS AMBULATÓRIO É UM GRANDE IMBRÓGLIO MUNICIPAL

O ônibus transformado em Ambulatório Móvel Pediátrico e Odontológico, que reforçou a campanha política do candidato a prefeito pela situação Paulo Niyama (DEM), conhecido como Paulinho da Saúde é, na realidade, um grande imbróglio municipal, cuja origem remonta à primeira gestão do governo Fábio Bello, quando foi adquirido no Paraná.

A situação do ônibus está irregular porque sua transferência não foi feita até hoje e suas dívidas documentais chegaram a alcançar a cifra de R$ 17 mil reais.

Mesmo na situação em que se encontrava, a Imprensa Oficial de 2 de dezembro de 2011 anunciava o lançamento do Ambulatório Móvel Pediátrico e Odontológico como uma iniciativa do então secretário da Saúde, Paulo Niyama, para melhorar o atendimento médico. Com pompa e circunstância e ampla cobertura da imprensa local, no dia 13 de janeiro o ônibus foi apresentado ao público e permaneceu na Praça da Matriz, como testemunho de uma grande novidade.

Antes, teve que passar por adaptações e seu interior foi dividido em duas alas, uma para atendimento odontológico e outra para pediatria. O objetivo era levar esses serviços para os bairros, o que não deixa de ser uma boa ideia. Acontece que, certo dia, quando circulava pela Rodovia Bunjiro Nakao foi parado pelos policiais rodoviários e apreendido imediatamente. É bom assinalar que exatamente para evitar esse tipo de ocorrência, estava usando placas com o emblema oficial da Prefeitura da Estância Turística de Ibiúna.

Com a documentação irregular – até hoje o veículo não é propriedade da municipalidade por que a empresa da qual foi adquirido faliu e seus proprietários não foram mais encontrados – ficou fora de circulação, até que por volta de três meses antes das eleições do ano passado, com licenciamento concedido sob liminar, voltou a operar, como um notável recurso de marketing político.

Terminada a eleição, o ônibus foi deixado de lado e até agora encontra-se guardado em uma garagem na cidade. Trata-se de um Scânia, com placas KMN 1691, de São José dos Pinhais, Paraná, que, pelo menos por enquanto, permanecerá como está, até que a nova administração decida o que fazer com ele. Em seu interior se encontram uma cadeira odontológica, moveis, mesas de plástico, um ventilador, assentos estofados, armários para guarda de medicamentos e de aparelhos médicos.

Quando foi posto em movimento para ser fotografado, soltou uma fumaça negra, densa, por estar parado, segundo disseram, mas o motor pegou na primeira tentativa, pois o que se poderia chamar de elefante branco ainda está em condições de prestar bons serviços à população. É forte e robusto e fica engraçadinho quando se estende um toldo lateral, debaixo dos quais as pessoas se submetiam à triagem. Agora, dono mesmo não se sabe quem é, mas isso já é assunto para a Justiça resolver.

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.