CARLOS ROSSINI ESCREVE – CANDIDATOS E ELEITORES PRECISAM SABER O BEABÁ DA POLÍTICA E DA DEMOCRACIA

maquina de votar 2A abstrusão [fingimento, hipocrisia] de certos políticos e administradores públicos no Brasil, nos âmbitos federal, estadual e municipal, constitui uma tela em que se projetam imagens falsas para ocultar verdades ou mesmo iludir a população ou encobrir suas incompetências ou atos escusos e ilícitos. E não precisamos ir a Brasília, onde sabidamente se encontram os atores mais destacados no plano da amoralidade, para verificar o quanto isso é frequente em nosso País. Temos o fenômeno entre nós, aqui em Ibiúna.

Estamos a pouco mais de três meses das eleições e, em conversas coloquiais, as pessoas dizem: “Queremos conhecer as propostas do pré-candidato”. Isso é relevante, de fato, mas os atributos individuais dos postulantes a cargos públicos, incluindo até mesmo seu perfil psicossocial, precisam aflorar aos olhos do povo.

Alguém que se apresenta para ocupar cargos tanto no Executivo quanto no Legislativo precisa ter competência para exercer diferentes funções. Quanto se fala de competência, é importante lembrar que isso significa que a pessoa precisa saber fazer escolhas, tomar decisões, mobilizar recursos e agir, fazendo as coisas certas. Todas essas características são fundamentais.

Mas só competência não basta. É preciso – estamos no Terceiro Milênio da civilização – que a persona política tenha o sentimento de humanidade no seu coração, que sinta o desejo de agir com ternura com o povo, que haja com equidade e respeito e dê exemplos explícitos de condutas que tenham esses eixos de orientação comportamental.

Por isso mesmo, é rigorosamente exigido que tenha uma profunda noção de conduta ética e moral. Ética são os princípios gerais orientadores de nossos pensamentos e atitudes; moral são as práticas por eles inspiradas. Então, se temos um governante ou legislador competente, ético e moral, já teremos avançado alguns passos essenciais de uma boa promessa eleitoral.

Nada disso terá relevo se não houver transparência em suas condutas relacionadas ao patrimônio público global, à Natureza, enfim, em suas diversas manifestações em que se inclui a prestação de serviços e obras de interesse e necessárias para assegurar a melhor qualidade de vida possível à população.

Resumindo, se há competência, ética, transparência, escolhas, decisões, mobilização de recursos de modo inteligente, então podemos imaginar que estamos ou estaremos em boa companhia e prontos para oferecer nossa compreensão e apoio.

Por fim, é oportuno recordar e recuperar o significado dos termos política e democracia em seu nascedouro na Antiga Grécia, na esteira da sabedoria dos filósofos que nos deixaram seu legado do que precisa ser feito para organizar a vida de um povo, de modo que todos possam conviver com regras que asseguram direitos e deveres, a fim de que uns e outros não se digladiem e se destruam em conflitos baseados na força bruta e na barbárie.

Política e democracia foram duas criações humanas surgidas das guerras e conflitos existentes entre turbas, aldeias e cidades exatamente para assegurar uma possibilidade de convivência harmoniosa tanto quanto possível entre os homens.

Cabe, portanto, à política e aos políticos e à democracia o altíssimo papel de promover o bem-estar e a felicidade dos povos. Fora disso, impera a barbárie, a ignorância, o caos. Saber isso é indispensável para quem está de olho no dia 2 de outubro e tenha responsabilidade social.

CARLOS ROSSINICarlos Rossini é jornalista,

sociólogo, professor universitário

e escritor.

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.