OPINIÃO – NINGUÉM ESTÁ A SALVO DA CORRUPTOSE NACIONAL

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A virulência imoral ou amoral emanada de Brasília em que se apresentam personagens notáveis da política – Eduardo Cunha, Renan Calheiros, Romero Jucá, Waldir Maranhão, José Sarney, os mais citados na imprensa nacional nos últimos dias, et caterva – pode ter servido ou está servindo de inspiração para uma infinidade de políticos inescrupulosos espalhados por milhares de municípios brasileiros.

De alguma forma, contribuem como modelagem de comportamento orbitando em torno de um fato escandaloso que envolve bilhões de reais roubados ao país e aos brasileiros, de um povo que está pagando um tributo demasiadamente alto e desesperançado, seja pela inflação, pelo desemprego altíssimo e empobrecimento.

A inflamação da imoralidade revela-se numa situação que chega a ser patética, além de cínica. Desde que assumiu a Presidência interina, Michel Temer, ele mesmo em situação de sustentabilidade precária, tem se enroscado exatamente no cipoal de um pântano: quase não restam pessoas livres e isentas para serem nomeadas e assumir postos governamentais. Ou são suspeitos ou estão sob investigação. Rir para não chorar. O tamanho do lamaçal era maior do que se podia imaginar horizontalmente e em profundidade.

O impacto que esse fato causa no país – ainda que jamais se tenha visto tantos colarinhos brancos sendo presos pela Polícia Federal e a firmeza de um juiz, Sérgio Moro, que está no epicentro da uma mudança histórica. Deve mesmo ser respeitado e merecer todo apoio explícito em suas ações.

A orgia financeira que tomou conta do Governo Federal e de empresas como a Petrobrás e dos gananciosos empresários, sobretudo na área das construtoras, revela o quanto a irresponsabilidade pela coisa pública se praticou e ainda se pratica. Políticos e empresários graúdos estão envolvidos num fluxo estonteante, pelos montantes, dos desvios de dinheiro para contas privadas no Exterior.  Eduardo Cunha só se sustentou e ainda dá mostras do seu poder porque um esquema diabólico o sustenta, sem a contrapartida de algo que o defenestre para sempre do viciado sistema político brasileiro.

Renan Calheiros, com sua desenvoltura de ator político na cadeira principal do Senado, é flagrado em gravação num ato explícito para conter o tsunami da Lava Jato. Romero Jucá parece estar acima do bem e do mal e chega a subestimar a inteligência dos brasileiros, como um bravateiro que logo, logo terá que beber na fonte da humildade.

Waldir Maranhão parece não ter consciência de onde está, tendo cometido o ato absurdo de querer anular a resolução tomada por 367 deputados federais e ainda está fazendo de tudo, mas já desmoralizado, para proteger Eduardo Cunha seu padrinho na Câmara dos Deputados.

Há, obviamente, outros protagonistas de relevo como Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, com uma fisionomia de quem chupou limão com pimenta, que estão imersos nos processos jurídicos em andamento. (Carlos Rossini)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.