ARTIGO – A ESPERANÇA DO POVO ESTÁ DE PÉ, VENDO OS DIAS PASSAREM
Os políticos ibiunenses, e refiro-me aos que assumiram este início de ano cargos tanto no Executivo quanto no Legislativo, poderão perder uma rara oportunidade de pôr em prática, pela primeira vez, um novo estilo de governar e de legislar. Um modo despojado da velha e obsoleta tradição política e que vá ao encontro dos anseios de quem os elegeu, pois a esperança do povo está de pé, vendo os dias passarem.
No Executivo, talvez pelas atribulações de começo, nota-se uma inclinação para um modo de ver endógeno, de grupo fechado, sem que se tenha estabelecido um eixo de coesão capaz de dar conta do complexo tecido da política administrativa da cidade.
O Brasil provou para o mundo que a combinação racial é benéfica para gerar um povo saudável, alegre, fruto de uma combinação genética e cultural que só tende a enriquecer os indivíduos física e mentalmente.
Da mesma forma, a abertura para visões diferentes de um processo é enriquecedora e as portas não podem se fechar a outras modalidades de cooperação, fora do corpo partidário original. Essa é uma visão míope. Pretender que uma equipe reduzida, acumulando funções técnicas e políticas, possa produzir ideações transformadoras é o mesmo que esperar Godot.
A admirável iniciativa de abrir as portas para ouvir o povo precisa servir inspiração para ações inteligentes e concretas, no que diz respeito às suas necessidades e seus interesses; pode servir para montar um perfil socioeconômico e cultural para definir ações políticas celulares, de efeito prático notável vinculado às realidades locais, num vasto município com bairros distantes.
Mas, se as posturas levarem a um recolhimento tímido por força das circunstâncias, podem-se abrir brechas para ações paralelas por parte de atores politicamente ambiciosos, que geralmente se utilizam de uma ética e de uma moral de aves de rapina. Por isso, se o príncipe não define de cara seu estilo, limites e direção, cada qual interpretará sua maneira de jogar e, nesse caso, é quase certo o surgimento de conflitos, às vezes de alto poder de corrosão interna.
Do lado do Legislativo, há uma situação desconfortável em demasia pela composição extremamente majoritária da base governista, boa parte cooptada por alguma forma de benesse. Nessa situação, o uso continuado de imposição de força excessiva sobre a minoria quebra uma lei da dialética fundamental para manter saudável uma evolução democrática parlamentar. Se a minoria não valer mais, então só restam as ações heróicas e isso exige um talento político para o qual é preciso se preparar, é preciso criar uma linguagem retórica poderosa e eloquente que se destaque por se inspirar na força da verdade.
Em toda a história política, desde as monarquias e antes da unificação de países europeus, sempre se viu que o poder é um valor passageiro, que a qualquer momento pode se perder; que alianças aparentemente sólidas se desmancham como castelo de areia de uma hora para a outra.
Por tudo isso, repete-se, é preciso pensar grande, com nobreza e humildade e enxergar onde estão pondo os pés, porque há o desejo popular de que aconteça o melhor para todos e, para isso, toda a comunidade tem de se livrar dos velhos pecados políticos, que criaram o mito de que alguns são mais iguais do que os outros.
Carlos Rossini,
editor de vitrine online